sábado, dezembro 30, 2017

Eleições 2018

Candidatos à Presidência começam preparação para campanha eleitoral em 2018

Chega a virada e começa a preparação para o desfile eleitoral, que promete surpreender a todos, inclusive, em relação aos protagonistas da festa


    





O universo da política que se apresentará ao eleitor em 2018 espera o destino do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da mesma forma que o público do sambódromo aguarda ansioso a magia da entrada das escolas de samba. Por isso, em 24 de janeiro, data do julgamento do ex-presidente no TRF da 4ª Região, políticos ficarão a postos, assim como os foliões.


Lula ainda é o que o PT tem de força eleitoral, e a única vez em que o partido testou seu poder de transferência de votos foi com o governo federal na mão, servindo de alicerce para a candidatura de Dilma Rousseff. Em condições adversas, ou seja, com o partido na oposição, esse poder jamais foi testado.“Quando passar o julgamento, começará a ter contornos mais concretos. Já há a movimentação de partidos aliados em função disso. Agora, ele acaba sendo o grande centro das atenções, mas o jogo começou. Hoje, não se sabe quanto o Lula transfere de votos”, diz o cientista político Ricardo Caldas, que desde já avalia os movimentos.

Enquanto aguardam para saber como será o desfile do PT, que venceu as quatro últimas eleições presidenciais, os pré-candidatos começam os ensaios para testar a empatia com o eleitor, cada um no próprio galpão, ou melhor, partido. Hoje, o Correio traz a relação das agremiações mais tradicionais, que integram uma espécie de grupo especial da política, caso de Lula e de siglas como o PSDB, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

No galpão tucano, as brigas internas provocaram estragos em algumas alegorias e, por isso, alguns aliados que se preparavam para engrossar o desfile voltam os olhos para o som que sai dos tambores do ensaio da bateria do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele apresentou o samba-enredo ao eleitorado antes do Natal, num programa voltado à melhoria do cenário econômico. Porém, se as boas novas da economia forem além do esperado, a ponto de alavancar a popularidade do presidente Michel Temer, é o peemedebista quem desfilará no alto do carro alegórico governista.

Amanhã, o eleitor conhecerá aqueles que estão hoje no grupo de acesso, Jair Bolsonaro, Álvaro Dias, Rodrigo Maia e Manuela D’Ávila. Em seguida, virão aqueles que, sem uma grande estrutura, fazem questão de se apresentar no carnaval político, ainda que seja como um “bloco de rua”. Boa leitura!

Luiz Inácio Lula da Silva


» Agremiação: PT

» Conjunto: 1.585.958 de filiados, 9,492% do eleitorado brasileiro

» Alegorias: 5 governadores, 9 senadores, 57 deputados federais, 106 deputados estaduais, 256 prefeitos

» Evolução: presidente da República (2003-2011) e deputado federal (1897-1991)

» Enredo: discurso radical à esquerda com maior foco em programas sociais e na distribuição de renda.
Mestre-sala e porta-bandeira: Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann

» Comissão de frente: Jacques Wagner, José Guimarães, Carlos Zarattini
Aposta na tradição

O PT mobilizará toda a estrutura para o ensaio geral, em 24 de janeiro, quando Lula
será julgado no TRF-4, em Porto Alegre. Mesmo se o ex-presidente sair de lá
condenado, a ordem é mantê-lo como principal carro alegórico enquanto der, nem
que toda a escola tenha de empurrá-lo. A única hipótese de ele não ser candidato é se os jurados o tirarem da avenida. 

Porém, o enredo de um condenado não é considerado o melhor para se empolgar o eleitor, ainda que seja Lula. “Isso vai influenciar no voto do eleitor. A população brasileira é muito conservadora. Se ele for condenado, tudo muda. Ele deixa de ser
candidato livre para ser um candidato que pode ser preso a qualquer momento”, comenta o professor da Universidade de Brasília Ricardo Caldas. 

E, por mais que não admita, a insegurança faz o PT pensar em planos B. A segunda opção do partido já foi o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que hoje está se preparando, ainda que a contragosto, para a festa de São Paulo, como candidato ao Senado. No desfile mais esperado do ano, o presidencial, o PT baiano põe o ex-ministro, ex-deputado e ex-governador Jaques Wagner no lugar de destaque que seria ocupado por Lula.

Além do entrave judicial, o PT ainda terá de lidar com a rejeição do público. Apesar da tradição carnavalesca, a agremiação foi uma das protagonistas dos últimos escândalos de corrupção e de desvios de dinheiro público que chocaram o país e o mundo. Para isso, Lula — ou o substituto — pretende usar o peso da história. O discurso é trazer à tona o legado que o ex-presidente deixou para a sucessora Dilma Rousseff, independentemente de a culpa dos tropeços sobrar para a companheira.

Marina Silva


» Agremiação: Rede

» Conjunto: 20.704 filiados, 0,124%
do eleitorado brasileiro

» Alegorias: 1 senador, 4 deputados federais,
5 deputados estaduais e 6 prefeitos

» Evolução: senadora (1995-2011); ministra do
Meio Ambiente (2003-2008), deputada estadual
(1991-1995) e vereadora (1989-1991)

» Enredo: retomar o crescimento econômico
com sustentabilidade

» Mestre-sala: Heloísa Helena

» Comissão de frente: Miro Teixeira,
Randolfe Rodrigues

Ritmo de afastamento


Marina Silva vem travestida de Mocidade Independente. Pelo andar da carruagem eleitoral, não promete reunir muitos aliados no primeiro turno nem manterá todos os deputados da Rede no partido, uma vez que alguns cogitam sair para garantir a própria reeleição. A tendência é de que seja uma festa mais modesta focado no desenvolvimento sustentável.

Para completar, os primeiros acordes que ela mostrou do samba-enredo descarta quase todo o espectro da política. “A gente tem que dar para o PT, para o PMDB, para o PSDB, para o DEM e seus aliados um sabático de quatro anos para que eles possam rever seus estatutos, olhar na cara das pessoas, e se reinventar, para, só depois, se colocarem de novo na disputa”, afirmou Marina, quando do lançamento da pré-candidatura.

Mesmo assim, o potencial da candidatura da acriana não pode ser descartado. A ex-senadora tem um eleitorado fiel e pode ser o peso que fará diferença em um possível segundo turno. Nas últimas eleições, a candidata ficou em terceiro na disputa, com 21,32% dos votos válidos. E, apesar do distanciamento do ex-presidente Lula, analistas acreditam que ela tenham potencial para conquistar os votos do petista, caso ele não seja candidato.

Ciro Gomes


» Agremiação: PDT

» Conjunto: 1.255.726 de filiados, 7,515% do eleitorado brasileiro

» Alegorias: 2 governadores, 2 senadores, 20 deputados federais, 75 deputados estaduais e 6 prefeitos

» Evolução: deputado federal (2007-2011); ministro da Integração Nacional (2003 a 2006); ministro da Fazenda (1994-1995); governador do Ceará (1991-1994); prefeito de Fortaleza (1989-1990) e deputado estadual (1983-1988)

» Enredo: um dos principais temas é a revogação das reformas feitas pelo atual governo, principalmente, a que mudou as leis trabalhistas

» Mestre-sala: Carlos Lupi e Cid Gomes

» Comissão de frente: Pedro Taques e André Figueiredo

enfrentamento

Ciro Gomes andou por praticamente todas as escolas de samba do espectro político. Já foi do PSDB, do PPS, do PSB, aliado e adversário do PT. Agora, desfilará num partido tradicionalmente aliado a Lula, porém, já falou tão mal dos petistas nos últimos tempos que se complicou como alternativa de votos para a turma ligada a Lula no 1º turno.

Ciro Gomes andou por praticamente todas as escolas de samba do espectro político. Já foi do PSDB, do PPS, do PSB, aliado e adversário do PT. Agora, desfilará num partido tradicionalmente aliado a Lula, porém, já falou tão mal dos petistas nos últimos tempos que se inviabilizou como alternativa de votos para os petistas no primeiro turno.

Com um samba que pretende bater nas reformas promovidas pelo atual governo, principalmente, a que alterou a legislação trabalhista, o ex-ministro da Fazenda sugere um projeto nacional de desenvolvimento em que o foco do investimento esteja menos nos bancos e empresários e mais no trabalhador. 

Geraldo Alckmin


» Agremiação: PSDB

» Conjunto: 1.456.534 de filiados, 8,717% do eleitorado brasileiro

» Alegorias: 6 governadores, 11 senadores, 46 deputados federais, 96 deputados estaduais e 803 prefeitos

» Evolução: governador de São Paulo (2001-2006 e 2010 à atualidade); secretário estadual de desenvolvimento (2009); Vice-governador de São Paulo (1995-2001); deputado federal (1987-1994); deputado estadual (1982); prefeito de Pindamonhangaba (1977) e vereador (1972)

» Enredo: união com os partidos de centro para um discurso de desenvolvimento social, com privatizações e reformas

» Mestre-sala: Wanderlei Macris e Júlio Semeghini

» Comissão de frente: Ricardo Tripoli, Carlos Sampaio, Sílvio Torres
O samba da renovação

Os tucanos chegam empunhados do azul da Portela, grande em carnavais passados, porém com o desafio de se renovar. Depois das brigas internas provocadas pela disputa de poder entre os aliados de Aécio Neves e do senador Tasso Jereissati e ainda a posição rachada do partido quanto às denúncias envolvendo o presidente Michel Temer, os tucanos entregaram ao governador paulista a tarefa de consertar os estragos nas alegorias e componentes.

Se conseguir, tem chances de apresentar uma escola harmônica, “sem buracos” ou samba atravessado. Antes de começar a ensaiar o enredo definitivo para 2018, terá de organizar o galpão, uma vez que o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, quer prévia para a escolha daquele que terá lugar de destaque na escola de samba tucana. Com a disputa, Alckmin corre o risco de entrar na avenida com um “buraco” na região Norte, onde não é conhecido, nem tem votos. 

Enquanto prepara os tucanos para o desfile no sambódromo da sucessão, o governador tem de dar atenção à quadra paulista. Há quem diga que, se Serra insistir em concorrer ao título paulista, Alckmin terá de apoiá-lo sob pena de perder aliados. Para completar, ainda tem o governador de Goiás, Marconi Perillo, na reserva, esperando para ver se o carro de Alckmin quebra e se ele assume o lugar.

Henrique Meirelles


» Agremiação: PSD

» Conjunto: 323.602 de filiados, 1,937% do eleitorado

» Alegorias: 2 governadores, 4 senadores, 38 deputados federais, 80 deputados estaduais e 539 prefeitos

» Evolução: ministro da Fazenda (de 2016 à atualidade). Economista, presidente mundial do BankBoston, deputado federal eleito em 2002, renunciou para assumir a presidência do BC, em 2003

» Enredo: a nota principal é a reforma da Previdência. A intenção é mostrar que só a melhora da economia traz segurança de crescimento, justiça social e distribuição de renda

» Mestre-sala: Gilberto Kassab e o mercado financeiro

» Comissão de frente: Marcos Montes, Robinson Faria, Raimundo Colombo
O legado no tamborim

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, surge como a Grande Rio: o partido jamais levou um título. Porém, não perde a esperança de levar o estandarte de ouro eleitoral. Nas vésperas do Natal, ele surgiu na tevê repaginado. O programa sombrio do PSD do ano passado foi substituído por uma imagem clara do ministro numa camisa azul impecavelmente engomada. A mensagem trouxe uma pequena biografia do ministro e o levou ao posto daquele que tirou o país do atoleiro. Com todo cuidado textual, a expressão reforma da Previdência foi substituída por “nova Previdência para garantir as aposentadorias”.

Meirelles foi incisivo ao dizer que a recuperação da economia, do emprego e da renda é o melhor programa social que um governo pode ter. Citou que a melhoria do emprego não é sentida pelo grosso da população porque os índices são elevados, mas carrega o que o eleitor deseja: esperança em dias melhores.

O sonho de carnaval é repetir Fernando Henrique Cardoso, que, em 1994, aprovou o Plano Real, garantindo, assim, a passagem de primeiro turno para a presidência. Assim como Meirelles hoje, FHC também foi um ministro da Fazenda depois de um impeachment, o de Fernando Collor. FHC, entretanto, foi o quarto ministro da Fazenda de Itamar Franco e Meirelles foi logo convidado por Temer.
Entretanto, na apresentação que Meirelles fez na tevê, faltou citar o presidente. Hoje, se a economia melhorar além do ponto previsto, o PMDB pressionará Temer a sair candidato. 


Michel Temer


» Agremiação: PMDB

» Conjunto: 2.396.880 filiados, 14,345% do
eleitorado brasileiro

» Alegorias: 7 governadores, 20 senadores, 60 deputados federais, 142 deputados estaduais e 1.028 prefeitos

» Evolução: presidente da República (2016 à atualidade); Vice-presidente (2011-2016);  Deputado federal ( Secretário de Segurança Pública de São Paulo (1985), deputado federal (1987-1991 e 1994 a 2010, sendo três vezes presidente da Câmara)

» Enredo: a reforma da Previdência e a melhora da economia para bancar programas sociais

» Mestre-sala: Eliseu Padilha
e Moreira Franco

» Comissão de Frente: Beto Mansur, Carlos Marun, Baleia Rossi, Romero Jucá

Na parada da bateria

O presidente representa no carnaval eleitoral algo como a Império Serrano, considerado o “primeiro império do samba”. Antigo e tradicional, o PMDB tem força e tamanho para alavancar aliados por todo o país, mas há muitos anos não leva um título. Se o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, almeja repetir FHC, o presidente Temer, lá no fundo, acalenta o sonho de ser um Itamar Franco — um presidente que chegou ao cargo depois do impeachment de Fernando Collor de Mello e foi capaz de recuperar a economia. Só que, nos tempos de Itamar, não havia a possibilidade de reeleição.

Em maio deste ano, quando o governo estava próximo de aprovar a reforma previdenciária, um amigo disse a Temer: “Você pode se preparar, porque, se a economia melhorar, você tem de ser candidato”. As denúncias do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot arquivaram o projeto. Agora, com o PIB de 3% previsto para o ano eleitoral, a reeleição voltou a sondar o enredo peemedebista. O próprio Temer não descarta. Em entrevista ao Correio, foi direto: “Eu não postulo, me posiciono”, afirmou, quando perguntado se descartava uma candidatura.

Aqueles que cercam o presidente garantem que, se ele não for candidato — a família não quer que ele seja —, a tendência é de que a agremiação apoie alguém mais ligado ao governo

sexta-feira, dezembro 29, 2017

TVCIDADE


Depois do Carnaval, veja na Gazeta, canal 25 para Porto Velho e Candeias do Jamaril: tvcidade. Quem viver, verá. Primeira temporada. Saiba mais aqui no blog do carlos coqueiro!

2018

Que todos os sonhos se realizem, especialmente o mais simples, mais antigo e mais compartilhado: o de um país melhor com eleições respeitadas, sem terceiro turno e sem nada a temer!

Zorra total!

E se acabou! Quase. O ano de 2017 termina como começou: uma esculhambação. O fecho veio com a declaração de Roberto Carvalho Veloso, presidente da Associação dos Juízes Federais, sobre a moralidade de receber o indecoroso auxílio-moradia de mais de R$ 4 mil, privilégio que mortal não tem: "e eu com isso?"

quinta-feira, dezembro 28, 2017

As 10 piores de 2017



10 – As duplas do sertanejo universitário
9 – Salários parcelados para funcionários públicos
8 – A manutenção do mandato de Aécio Neves
7 – O trabalho obsceno da tropa de choque de Temer
6 – O auxílio-moradia da magistratura
5 – A atuação de Gilmar Mendes no STF
4 – A reforma trabalhista
3 – O Grêmio tricampeão da América (do ponto de vista de um colorado)
2 – O time do Internacional na série B
1 – O governo Michel Temer (JM).

quarta-feira, dezembro 27, 2017

Mentiras do ano


 Todo ano duas categorias mentem para nós com esmero e muita confiança: políticos e especialistas. São pessoas que não hesitam, não duvidam e não coram. Governistas mentem sobre o futuro. A oposição mente sobre o passado. Juntos, políticos e especialistas mentem sobre o presente. Nós, na falta de alternativa, fingimos que acreditamos. É incrível a nossa capacidade de dissimulação. Ouvimos as mentiras de sempre e fazemos de conta que são novidades.

terça-feira, dezembro 26, 2017

Patrocinado


Origem, livro de Dan Brown, autor de O Código da Vinci
(69) 3223-0415/98100-2918. Não importa quem você seja, nem no que acredite.Tudo está prestes a mudar!

segunda-feira, dezembro 25, 2017

Novidades requentadas ou fraudes ?

Todo ano duas categorias mentem para nós com esmero e muita confiança: políticos e especialistas. São pessoas que não hesitam, não duvidam e não coram. Governistas mentem sobre o futuro. A oposição mente sobre o passado. Juntos, políticos e especialistas mentem sobre o presente. Nós, na falta de alternativa, fingimos que acreditamos. É incrível a nossa capacidade de dissimulação. Ouvimos as mentiras de sempre e fazemos de conta que são novidades.

domingo, dezembro 24, 2017

Leão e joia



Wole Soyinka é prêmio Nobel da literatura. O primeiro africano a ter chegado lá. Ele nasceu na Nigéria. Esteve no Brasil há pouco. Foi aplaudido. Mas pouca gente o leu. Só tem um livro dele publicado no Brasil: “O leão e a joia (Geração editorial). Vou fazer uma afirmação categórica: é o melhor presente de Natal que se pode dar a alguém que goste de cultura. Não fique por aí correndo feito barata tonta atrás de algo inédito. Fórmula do sucesso: S = d + dn. Sendo “s” sucesso, d (diferença) e d (descobrimento). Queremos o que faz diferença e produz descobrimento. Aquilo que pela fantasia tira o véu, descobre, revela, destapa, faz ver o escondido.

sábado, dezembro 23, 2017

Mentiras 2017!


 Todo ano duas categorias mentem para nós com esmero e muita confiança: políticos e especialistas. São pessoas que não hesitam, não duvidam e não coram. Governistas mentem sobre o futuro. A oposição mente sobre o passado. Juntos, políticos e especialistas mentem sobre o presente. Nós, na falta de alternativa, fingimos que acreditamos. É incrível a nossa capacidade de dissimulação. Ouvimos as mentiras de sempre e fazemos de conta que são novidades.
Às vezes, por perversidade, repassamos essas mentiras jurando que cremos nelas. Semeamos o terror em nome da modernidade, da tecnologia e do porvir.
Políticos mentem por estratégia ou falta de vergonha. Faz parte do ofício e do fetiche do tabuleiro de xadrez. Especialistas mentem por arrogância ou ignorância. Acreditam nas teorias que inventam para resolver todos os problemas do mundo. Para cada tese de um especialista existe, em geral, uma antítese sustentada por outro especialista. Nenhuma síntese é provável. Especialistas odeiam ser contestados por leigos. Estendem arame farpado em torno dos campos públicos. Expulsam os seres comuns e passam a ditar as regras.
Em 2017, ouvimos mentiras como sempre e absurdos como nunca. O governo de Michel Temer passou o ano mentindo sobre a reforma da Previdência. Mentiu sobre tudo o que diz respeito ao assunto, do calendário ao número de votos que poderia conseguir passando pelo conteúdo da reforma. Teve um especialista que se superou quanto à reforma trabalhista. Durante meses, em telejornal de grande audiência, sustentou que a reforma deveria acontecer para gerar empregos.
No dia seguinte ao da aprovação da dita cuja apareceu na mesma televisão destacando que não se esperasse milagre na criação de postos de trabalho. Mentira e gravata fazem parte da nobre função pública.
Há uma mentira que se repete todos os anos: não existem mais ideologias. É a fakenews mais difundida pela direita. Essa mentira tem outra formulação: não existem mais esquerda e direita. Como diz a piada, a esquerda combate o capitalismo, enquanto a direita combate a esquerda, que não existiria mais. Outra mentira recorrente é esta: a população está cansada de polarização. O sujeito diz e complementa:
– Só quem gosta de polarização são os radicais, fanáticos, atrasados.
Enquanto existirem ricos e pobres, gente que se dá bem e gente que se só dá mal, haverá polarização. Ou seja, pelo jeito, sempre. Ao menos, no Brasil. Duas grandes mentiras de 2017 foram: as reformas trabalhista e previdenciária serão feitas em nome do bem de todos. A grande mentira dos últimos tempos tem uma embalagem futurista: “A nova geração não tem mais tanto interesse em carreira, muito menos em trabalhar décadas para um só empregador”. Palavra de especialista. Quase todo jovem que conheço quer emprego interessante, bem pago, com perspectiva de futuro e garantias trabalhistas. Não conheço um só jovem estudante de jornalismo que não sonhe em fazer coisas como ser correspondente internacional pela vida toda de um grande veículo. Nas faculdades de direito eles sonham com a magistratura e com o STF.
Esse tipo de mentira faz crer que todo mundo quer ser alguma coisa como motorista de Uber. As pessoas querem poder trocar de emprego? Claro. Por emprego melhor. Querem ser empreendedoras? Claro. Se for evidente que poderão ganhar dinheiro com isso e viver bem. Existe essa evidência? Claro que não. Fico imaginando o jovem ou a jovem que se forma ou não se forma, casa-se e tem filhos: será que quer riscos e desregulamentação ou garantias para sustentar a família? E se ficar doente, como faz? Quantas pessoas ganham o suficiente para poupar e se garantir em caso de necessidade ou de aposentadoria?
Como será que essa fakenews é recebida pela nova geração sueca? Pelos alemães? Pelos franceses? Ah, franceses não contam, pois eles costumam ser refratários a essas fábulas liberais. São vistos como chatos e do contra por terem uma das maiores economias do mundo e ainda acreditar em Estado do Bem Estar Social. Tem filho de especialista nesse tipo de previsão que faz concurso para tribunais. Essa lorota finge ignorar uma realidade acachapante: a maioria das pessoas já passa por muitos empregadores e “carreiras”. Conheço quem tenha sido açougueiro, pedreiro, porteiro, entregador de pizza, vigilante, carregador de caminhão e funcionário de supermercado.
Tem quem resolva a questão com um suposto fair-play: mentir faz parte do jogo. Qual jogo? Quem dá as cartas? Quem é passado para trás? Quem quebra a banca? A mentira do ano não para de ser repetida: a economia está dando sinais de melhora. Para quem, cara pálida? Para quem? Tem aquela outra também: nosso objetivo é combater a corrupção. Quase ninguém se importa com a corrupção no Brasil. O que interessa é combater o inimigo ideológico. A corrupção pode ser um bom pretexto. Quem não se lembra do PMDB e dos tucanos combatendo a corrupção em 2016? A indignação passou, a febre baixou, a mentira colou. Já era.
Michel Temer contou a última perto do Natal: o povo gosto do seu governo, mas tem vergonha de dizer.
Passamos a acreditar em Papai Noel.JM

quarta-feira, dezembro 20, 2017

Elite burra!


O IBGE entregou o jogo: um em cada quatro brasileiros vive na miséria. Dá em torno de 50 milhões de pessoas. Dá quantos países europeus? Três quartos dos miseráveis brasileiros são negros ou pardos. Mais de 13 milhões vivem abaixo da linha da miséria. Chafurdam. Pode um país dar certo assim?Triste país!

segunda-feira, dezembro 18, 2017

Vorazes


É verdade. O grande problema do Brasil são as corporações. Elas querem tudo, nada cedem e comportam-se com voracidade. Agem em bloco.  Parasitam tudo. Só pensam nos próprios interesses. Condicionam governos, pressionam a mídia, paralisam setores inteiros quando seus privilégios são ameaçados. Afetam decisivamente as políticas públicas. Controlam “de forma estruturada e hierárquica uma cadeia.

quarta-feira, dezembro 13, 2017

Golpismos?


Parece que no Brasil tudo se repete como golpe: de azar, de sorte, de Estado, de vento, de colarinho branco, de farda. Nos anos 1950, sargentos, coronéis e generais publicavam manifestos e articulavam o que consideravam ser o melhor para o Brasil. Até sobre a inflação ou o aumento do salário mínimo opinavam. Na década de 1960, com novos ritmos, tudo continuava igual no quartel de Abrantes. Milicos interpretavam a Constituição e davam ou não posse aos presidentes da República. O Clube Militar servia-lhes de covil para conspirações. Em 1964, um general Mourão apressou a tragédia.
Em 2017, outro Mourão, não menos histriônico, sonha com intervenção fardada e quer ser presidente do tal Clube Militar. Vai para casa mais cedo.
Tudo se repete desde 2016 como uma marchinha de carnaval menos divertida e bastante mais marcial: o STF se dobra sempre que espremido, senhoras tomam ruas, os Estados Unidos se posicionam dissimuladamente, o mercado fareja o golpe bilionário, a mídia se vende por convicção, a moral e os bons costumam vigiam a cultura em nome do combate ao comunismo. Nada de nu, nada de sexo, nada de ideologia de gênero, nada de nada, pode ser a gota d’água, pai afasta de mim esse pessoal carregado de ódio e de nostalgia tinta de sangue. Em 50, combatia-se Vargas. Em 60, o herdeiro de Vargas. Em 2017, a Era Vargas sofreu o golpe fatal. Adeus CLT.
Entramos na uberização global.
O ministro da Defesa de hoje veio das hostes dos que queriam atacar ontem. O velho PCB virou novo PPS. O MDB virou PMDB. Esquerda virou direita. Centro virou direita. A direita virou extrema-direita. Esquerdistas foram à prisão por crime comum para conviver com direitistas menos previdentes do que os privilegiados tucanos. Só Mourão continua Mourão. Pau que nasce golpista morre golpista. Lá vem o Brasil descendo a ladeira. Lá vai o Brasil repetindo os seus erros. Uma nova noção de responsabilidade surgiu: manter no poder um presidente acusado de corrupção para evitar, depois de uma deposição com cara e cheiro de golpe, de armação, uma nova troca de governante num curto espaço de tempo, o que poderia ser desastroso para o país.
No Brasil tudo se repete como tragédia. Nós rimos como se fosse comédia. Estamos acostumados com o pior. O novo Mourão disse uma verdade trivial: Michel Temer se mantém no cargo graças ao seu balcão de negócios. Cada voto vale uma fortuna. O novo Mourão, na sua condição autoproclamada de juiz de fora do parlamento, sem toga nem gravata, mas com farda verde-oliva e olhar cinza, tirou a conclusão errada: que o Brasil precisa de menos democracia. Veio naquela toada: é bom já ir se preparando. Sem essa, general. Vá cuidar da família.
Em 1950, Getúlio não podia ser candidato. Se fosse, não podia ser eleito. Se fosse, não podia tomar posse. Se tomasse, não poderia governar. Deu no que deu. Em 2018, Lula não pode ser candidato. Se for… Se todos os golpes falharem, resta um, tão velho como os outros: o parlamentarismo. No lugar da UDN, o PSDB. Tudo igual. Uau!JM