sexta-feira, dezembro 13, 2019

Sucumbência: suspensão de um privilégio


Assembleia Legislativa do RS cortou a mamata!

quarta-feira, maio 22, 2019

Neste domingo, no Brasil...

Bullying sai do ambiente digital e ganha as ruas ?



Quem é incapaz de entender isso tacha cidadãos de "idiotas úteis", "imbecis" e "massa de manobra". O que não faz parte é o discurso que prega o fechamento do Congresso Nacional e a deposição de ministros do Supremo Tribunal Federal. Justificar-se que, em uma democracia, há o direito de atacar a própria democracia é uma falácia para esconder um comportamento golpista. 

sexta-feira, maio 10, 2019

Cenário toldado

A Previdência está falida e a economia permanece sedada. Faltam empregos, dinheiro, escolas que prestem, hospitais que funcionem e segurança nas ruas... - 

terça-feira, fevereiro 05, 2019

Cabral descobriu o Brasil?


 Essa questão é velha entre historiadores. Ela comporta vários níveis de leitura. A mais simples é esta: o que significa descobrir? Achar o que ainda não se conhecia? Pode-se descobrir uma terra já habitada?  Quem não a conhecia? A resposta pode ser sumária: Cabral descobriu a terra que seria chamada de Brasil para os europeus que não a conheciam. Mas, se a terra já era habitada, a descoberta pelos europeus podia dar-lhes algum direito sobre ela? O relativista dirá: sim, pelos valores da época. Para amparar esses valores podia-se recorrer a dispositivos ardilosos: seriam esses habitantes da terra “descoberta” gente? Teriam alma? Seriam humanos?
Quando se decidiu que eram humanos, a questão essencial passou a ser a obrigação de salvar as suas almas pagãs. Nobre missão. O papa Paulo III, em bula de 1537, determinou que os “ditos índios e todas as demais pessoas que possam ser descobertas mais tarde por cristãos não devem de modo algum ser destituídas de sua liberdade ou da posse de sua propriedade, mesmo que estejam fora da fé de Jesus Cristo”. Não foi obedecido ao pé da letra. Os nativos foram, acima e antes de tudo, desapossados do que era deles.
Se a terra já era habitada, a “descoberta” transformou-se em ocupação ou invasão? Cabral tomou posse para os portugueses de uma terra com moradores. Qual o principal argumento para isso? A certeza de poder usar a força sempre que necessário e talvez a perplexidade dos donos da casa. Outra maneira de dizer o que aconteceu: os portugueses invadiram o Brasil em nome dos seus projetos de expansão. Em 1550, Carlos V, da Espanha, teve uma crise de consciência e convocou 14 teólogos para decidir ser era justa a conquista das terras e gentes da América. Aconteceu então, em duas etapas, o debate entre Juan Ginés de Sepúlveda e Bartolomeu de Las Casas, que ficaria conhecido como a “controvérsia de Valladolid”.
Sepúlveda inaugurou o pragmatismo radical: era justo, no seu entender, escravizar os índios por eles serem imorais. Além disso, não se comportariam racionalmente e eram mais fracos, nascidos para obedecer. Era, portanto, natural que fossem escravizados. Quem pode mais, domina e faz a lei. Claro que Sepúlveda caprichou na retórica: os selvagens obedeceriam aos mais sábios e prudentes, os civilizados espanhóis. A astúcia do algoz foi dizer que para libertar os índios da barbárie era preciso fazê-los escravos dos civilizados, os bárbaros com ideologia. Sepúlveda era discípulo de Aristóteles, que via escravos como ferramentas.
Las Casas enfrentou o conceito de barbárie. Encurralou a oponente. Sepúlveda argumentou também que era preciso subjugar os índios para que não praticassem canibalismo. Las Casas relativizou. Buscou explicar o fenômeno a partir dos valores dos próprios índios. Como terminou o debate? Os juízes acharam que seriam preciso pesquisar e saber mais para decidir. Cada debatedor se declarou campeão. A coroa espanhola fez um mix das ideias dos dois e tocou o barco. O progresso não podia parar. Assim foi.
Cabral foi o primeiro? – Outro ângulo da questão. Cabral foi o primeiro europeu a chegar a esta terra que seria chamada de Brasil? Para os índios, essa é uma polêmica irrelevante. Para a glória de Cabral, não. É possível que em 1498 uma frota de oito navios, comandada por Duarte Pacheco Pereira, tenha aportado no Maranhão e no Pará. Para não atrair a atenção dos espanhóis, a corte portuguesa teria escondido o fato. Em “Tratado dos Novos Lugares da Terra”, Pacheco escreveu. “No ano de Nosso Senhor de 1498, Vossa Alteza nos mandou descobrir a parte ocidental, passando a grandeza do Mar Oceano, onde é achada e navegada uma vasta terra firme, grandemente povoada”. Sendo assim, Cabral não descobriu o Brasil, que já era conhecido dos portugueses, mas de fato tomou posse dele, ou seja, invadiu-o a mando de Portugal. Até Américo Vespúcio teria vindo antes.
Existe também a hipótese de que Vincente Pinzon e Diego de Lepe tenham estado no Brasil em janeiro de 1500. No fundo, não interessa quem chegou primeiro, mas quem deu início à narrativa da descoberta e cumpriu o ritual de apossar-se deste “novo mundo” até então sem escritura. Cabral trouxe com ele o escrivão Pero Vaz de Caminha, que, com sua carta ao rei de Portugal, lavrou a certidão de apropriação do Brasil. Pediu propina pelo serviço prestado: “E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro – o que d’Ela receberei em muita mercê”. Assim se inaugurou o Brasil.
No correr da carruagem, depois de se apropriarem do que tinha dono, os portugueses passaram a perna nos espanhóis, avançando sobre a demarcação estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. A história é escrita pelos vencedores e pelos que têm equipe de comunicação e marketing. O Brasil, como toda a América, nasceu de invasões e fabulações. O tripé da construção do novo mundo nada tem de épico: invasão, escravização e saque.JM

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

Antígona, Toffoli e Lula


      Ainda é tempo de falar disso. Morreu Vavá, irmão mais velho de Lula.
A relação deles era forte. Vavá tinha algo de figura paterna para Lula. O ex-presidente, preso em Curitiba, manifestou desejo de ir ao enterro. A lei permite. O vice-presidente da República, general Mourão, considerou o atendimento dessa vontade uma questão humanitária. A justiça, porém, não deixou. Alegou-se até que poderia haver fuga. Talvez acontecesse um ataque ao comboio e Lula fosse resgatado. Ou saísse correndo do velório sem ser alcançado. Veloz.
A ditadura militar permitiu que Lula, prisioneiro político, fosse ao enterro da mãe. Sófocles escreveu uma tragédia monumental: “Antígona”. Quando Polinices e Etéocles morrem em luta um contra outro, Creonte, que herda o trono de Tebas, ordena que o corpo de Polinices fique sem sepultura. Antígona decide desobedecer para enterrar o irmão. Lei divina contra lei terrena. Dignidade e humanidade contra abuso de legalidade. Vale lembrar que Polinices e Etéocles haviam feito acordo para governar em rodízio. Etéocles não quis passar o bastão. Polinices uniu-se aos rivais de Tebas para tentar recuperar o trono. Traído, traiu. Mesmo assim, o costume, a lei humanitária divina, garantia-lhe direito a uma sepultura.
Os advogados de Lula recorreram ao STF.
O ministro Dias Toffoli, sempre acusado de ser petista, inventou uma solução inédita: Lula poderia ver o corpo do irmão num recinto militar em São Paulo. O jurista Lênio Streck definiu bem a situação: Toffoli autorizou o cadáver a ir até Lula. Creonte teria aplaudido Toffoli, que se esforça a cada situação para provar que não é petista? Dificilmente. Creonte era a lei. Toffoli é um caso para uma análise freudiana. Fomos de Sófocles a Gabriel García Márquez, da tragédia ao realismo fantástico, do irrealismo ao surrealismo. A decisão de Toffoli chegou tarde. O morto já havia sido enterrado.
Antipetistas destilaram ódio.
Lembraram que o então presidente Lula não fora ao enterro de dois meios-irmãos. É fato. Não havia o mesmo vínculo afetivo com esses irmãos por parte de um pai que Lula passou a maior parte da vida sem ver e que teve mais de 20 filhos.
Lula parece condenado à invisibilidade. A sua ida ao enterro geraria imagens que correriam o mundo. O general Mourão, como destacou Lênio Streck, captou o efeito Antígona, o aspecto humanitário que se impõe diante da morte. Mesmo ao adversário se deve dar sepultura. Mesmo ao condenado se deve garantir o direito de chorar seus mortos. A lei foi feita para assegurar esse “direito natural” e sagrado.
Desse macabro episódio duas figuras saem com dimensões alteradas. O general Mourão sai maior. O ministro Toffoli sai ainda menor. Mourão repercutiu Antígona. Toffoli comportou-se como um Creonte querendo negociar. Mourão vem crescendo tanto que já sofre críticas do clã Bolsonaro. O general tenta colaborar com bons fatos para a própria biografia. Toffoli luta desesperadamente para ser uma nota de rodapé. Terá certamente direito a algo assim: chegou por rodízio à presidência do STF. Em 2015, 175.325 condenados saíram das suas prisões para chorar os seus mortos.
Lula não é tratado como preso comum.
É um troféu que a justiça esconde. JMS

O negócio da Vale


  1. Depois da tragédia de Mariana, a Vale reduziu em 44% os seus investimentos em segurança.
  2. Ao planejar o espaço administrativo e do refeitório em Brumadinho, a Vale analisou a trajetória da lama em caso de ruptura de barragem e, mesmo assim, resolveu colocar os equipamentos e as pessoas no caminho da morte.
  3. Mineradoras se autocontrolam fornecendo às autoridades laudos de segurança que compram no mercado correspondente.
  4. Está  nos jornais. Só ignora quem não tem interesse em ver.
  5. É o capitalismo minerador de riscos para empregados e moradores do entorno das operações.
  6. É o capitalismo do lucro máximo ao custo mínimo.
  7. As multas de Mariana ainda não foram pagas.
  8. O lobby das mineradores bloqueou aprovação de leis mais rigorosas no Congresso Nacional.
  9. Tudo está nesta manchete: “Capitalismo de compadrio’ vai ajudar a Vale após Brumadinho, diz Economist”.
  10. Precisa dizer mais?JMS

terça-feira, janeiro 22, 2019

Juremir Machado da Silva

Guerra intelectual no Brasil

      Há pessoas que sentem arrepios quando ouvem ou leem a palavra intelectual. Surtam com citações. Acham tudo isso muito chato. Especialmente se forem ideias e intelectuais franceses. Nacionalidades não têm a menor importância quando se trata de pensamento. Se alguém diz que para Kierkegaard o que falta a nossa época é a paixão, não a reflexão, não é preciso conhecer a nacionalidade do filósofo para entender o que foi dito. Se a pessoa quiser mais informações, vai ao google. Ou aos livros. O saber não deve causar medo, inveja ou ressentimento. Não é uma agressão. Há uma batalha de ideias em curso. De um lado, os antiglobalistas. De outro lado, os que devem se defender por alguma razão teórica ou não.
É uma espécie de nova guerra entre “antigos” e “modernos”. Um dos intelectuais de referência dos novos conservadores é um velho conhecido dos místicos, esotéricos e tradicionalistas, o francês René Guénon (1886-1951). Guénon foi um ocultista fervoroso que se converteu ao islamismo e foi morar no Cairo em busca de uma atmosfera mística. A sua vasta obra tem três obsessões: desejo de metafísica, de transcendência, de transfiguração mística; ojeriza ao materialismo e ao individualismo modernos; atração por sabedorias tradicionais orientais. Para ele, existe uma verdade eterna que unifica as religiões, o que aparece na “escola perenialista”, na “filosofia perene”. O grande intelectual italiano Umberto Eco gastou, no seu monumental livro “Os limites da interpretação”, um capítulo para refutar ideias do homem. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recomenda a leitura das obras tradicionalistas de René Guénon.
Outro discípulo de Guénon é Steve Bannon, marqueteiro ultraconservador de Donald Trump. Adeptos de entidades secretas e de mistérios espirituais, René Guénon deu-se por missão em certo momento “reconstruir uma elite espiritual para o Ocidente”. As suas ideias eram tão excêntricas que influenciaram até surrealistas. Um dos seus alvos foi a ciência moderna. O que valia para ele era o saber tradicional. Passou a vida lidando com símbolos, concepções do sagrado e rituais. Um dos seus livros mais famosos é “A crise do mundo moderno” no qual sustenta que as ciências modernas são vestígios destituídos de sentido das ciências tradicionais. O Renascimento teria sido o começo do caos, da quebra da hierarquia cultural que resultaria no vazio individualista da democracia.
Para o filósofo do conhecimento tradicional “uma ideia como a da ‘igualdade’, ou do ‘progresso’, ou como os outros ‘dogmas seculares’, que quase todos os nossos contemporâneos aceitam cegamente”, tem uma historicidade. Não surgiu espontaneamente. Ele prega o engajamento: “Consideramos, portanto, oportuno declarar isso ainda: há no mundo ocidental algumas indicações claras de um movimento que ainda não está claro, mas que pode e deve normalmente levar à reconstituição de uma elite intelectual. a menos que um cataclismo ocorra rápido demais para permitir que se desenvolva até o fim”. O movimento agora se pretende cristalino. A guerra é pelo controle das mentes, dos corações e dos bolsos.

sexta-feira, janeiro 18, 2019

Queiroz e a alfabetização


Eu entendo Flávio Bolsonaro.
Ele é filho do presidente da República.
Foi ao STF e pediu para barrar a investigação sobre Queiroz.
Onde se viu investigar um cara que está doente.
Dado que Fux mandou parar a investigação, contrariando decisão do próprio STF pela qual foro só vale para atos cometidos durante o mandato, vamos falar de outra coisa.  A ciência do STF não é exata. Depende do “paciente”.
Eu sou impaciente.
      Estamos em guerra. Por tudo. Daqui a pouco talvez seja com a Venezuela.
Guerra até pelos métodos de alfabetização.
É a grenalização das salas de aula. Ou o Fla-Flu. Ou o Ba-Vi.
A guerra nacional encontra suas formas e batalhas estaduais. Enfim. Construtivistas versus adeptos do método fônico? Os resultados têm sido de segunda divisão: 38 milhões de analfabetos funcionais (não chegam a entender um texto básico), 59ª posição, em 70, no ranking de leitura no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Qual é a causa? Eis o busílis, como dizia aquele personagem de um livro de Rubem Fonseca.
Para o novo secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim, indicado para o cargo pelo guru do regime, Olavo de Carvalho, o culpado é a ideologia. Segundo a BBC News Brasil, para Nadalim, que trabalhava numa escola infantil em Londrina, há “preocupação exagerada com a construção de uma sociedade igualitária”, ignorando-se “evidências científicas sobre como alfabetizar crianças”. Dono de um site de sucesso, “Como educar seus filhos”, adeptos da educação em casa, Nadalim aposta tudo no “método fônico” e culpa o construtivismo (o aluno é construtor ativo do conhecimento) e o uso das ideias de Paulo Freire pelo mau desempenho.
Nadalim garante que alfabetizar é questão técnica: fazer a criança identificar as letras com os sons da fala. Construtivistas reagiram. Afirmam que Nadalim confunde conceitos. Sustentam que a questão não é de método, mas de meios. Uma criança aprende melhor quando repete sons abstratos ou quando se envolve com aspectos concreto da sua realidade? Maria do Rosário Longo Mortatti, especialista no assunto, resumiu em estudo sobre o tema: “Como alfabetizar? Por onde começar? Pelos nomes das letras, pelos sons das letras, pelas sílabas, por palavras-chaves, por sentenças ou por histórias? Essas são as primeiras e mais urgentes perguntas feitas por aqueles cuja tarefa é o ensino inicial da leitura e escrita a crianças”. Foi adiante: “Como enfrentar as dificuldades tanto de nossas crianças em aprender a ler e escrever quanto de nossos professores em ensinar?” Mortatti analisa o livro “Alfabetização: método fônico”, de Alessandra e Fernando Capovilla, muito citados pelos seus defensores.
Conclusão: o método fônico no Brasil é aplicado desde o século XIX: “Embora os autores a anunciem como uma ‘boa-nova’, não se trata de uma proposta nem ‘nova’, nem ‘pioneira’, nem ‘solução científica efetiva’, com ‘demonstrada eficácia, cientificidade e atualidade’. A crítica mais dura a esse tipo de método é “a de que eles impedem que a criança apreenda o sentido do que se lhe oferece no momento inicial da aprendizagem da leitura”. A crise da alfabetização no Brasil, conforme Maria do Rosário Longo Mortatti, é antiga, anterior à prevalência do construtivismo.
Carlos Nadalim está de armas nas mãos: “Olavo de Carvalho já disse várias vezes, e eu concordo, diante daquilo que posso comprovar com meu método, que é preciso voltar ao método fônico de pré-alfabetização e alfabetização, e o Ricardo [Vélez Rodríguez] sabe disso. Então, se ele conseguir trabalhar essa questão, só isso já fará dele um herói”. Tá ok?
Eu entendo Flávio Bolsonaro.
Segundo um ministro do STF, em declaração à colunista Mônica Bergamo, Flávio assinou uma confissão de culpa ao recorrer ao Supremo. Pobre, menino, incompreendido. Ele só queria corrigir os rumos da justiça.Juremir Machado da Silva

sábado, janeiro 05, 2019

Discursos fortes, ideologias idem!



Cada ministro empossado de Jair Bolsonaro fez um discurso forte.
Os mais retumbantes certamente foram os de Sérgio Moro, Paulo Guedes e Ernesto Araújo.
Moro revelou-se confortável no terno de ministro da Justiça e da Segurança. Bradou: “Não deve haver portos seguros para criminosos e para o produto de seus crimes. O Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político-partidários”. Mensagem passada e recebida.
O recado mais importante de Sérgio Moro possivelmente tenha sido este com endereço certo: “Não se combate a corrupção somente com investigações e condenações criminais eficazes. Elas são relevantes, pois não há combate eficaz à corrupção com impunidades e sem risco de punição para os criminosos. Mas elas não são suficientes. São necessárias políticas mais gerais contra a corrupção, leis que tornem o sistema de Justiça mais eficaz”. Uma fala para ressoar no Congresso Nacional e, antes do começo da nova legislatura, nos ouvidos de novos e velhos eleitos.
Paulo Guedes entrou em campo com a manchete definida: “O primeiro pilar é a reforma da previdência, o segundo são as privatizações aceleradas e o terceiro pilar é a simplificação, redução e eliminação de impostos”. O superministro da economia mirou nos alvos esperados: “A Previdência é uma fábrica de desigualdades. Quem legisla tem as maiores aposentadorias. Quem julga tem as maiores aposentadorias. O povo brasileiro, as menores”. Ninguém poderá acusá-lo de falta de foco. Guedes mostrou também que gosta de frases afiadas. Ao falar da legislação trabalhista, disparou: “O governo democrático vai inovar e abandonar a legislação fascista da carta del Lavoro”. Não faltou matéria para análise.
O novo ministro das Relações Exteriores, o gaúcho Ernesto Araújo, falou num tom com certeza inédito na pasta. Atacou o “globalismo”: “Aqueles que dizem que não existem homens e mulheres são os mesmo que pregam que os países não têm direito a guardar suas fronteiras, os mesmo que propagam que um feto humano é um amontado de células descartável. Os mesmos que dizem que a espécie humana é uma doença que deveria desaparecer para salvar o planeta”. Defendeu a fé: “Há uma teofobia horrenda e gritante na nossa cultura, não só no Brasil, em todo o mundo. Um ódio contra Deus que vem sabe-se lá de onde, canalizado por todos os códigos de pensamento e de não pensamento que perfazem a agenda global”.
Um parágrafo sobre Ricardo Vélez Rodríguez. Ele anunciou a criação de uma subsecretária para cuidar de “iniciativas cívico-militares”. Explicou: “Vai haver uma subsecretaria que cuida disso, de iniciativas cívico-militares para colégios municipais que queiram participar (…) Os colégios militares no Brasil representam um modelo que dá certo, que tem disciplina, que tem bom desempenho nos índices de avaliação. Então, esse modelo de colégios cívico-militares é bom”. Discursos que impactaram. Marcas de um novo estilo. A bolsa de valores explodiu o próprio teto.
E a fala da ministra Damares sobre menino de azul e menina de rosa?
Diz ela que foi uma metáfora.
Fora da meta.JM