Eu entendo Flávio Bolsonaro.
Ele é filho do presidente da República.
Foi ao STF e pediu para barrar a investigação sobre Queiroz.
Onde se viu investigar um cara que está doente.
Dado que Fux mandou parar a investigação, contrariando decisão do próprio STF pela qual foro só vale para atos cometidos durante o mandato, vamos falar de outra coisa. A ciência do STF não é exata. Depende do “paciente”.
Eu sou impaciente.
Estamos em guerra. Por tudo. Daqui a pouco talvez seja com a Venezuela.
Guerra até pelos métodos de alfabetização.
É a grenalização das salas de aula. Ou o Fla-Flu. Ou o Ba-Vi.
A guerra nacional encontra suas formas e batalhas estaduais. Enfim. Construtivistas versus adeptos do método fônico? Os resultados têm sido de segunda divisão: 38 milhões de analfabetos funcionais (não chegam a entender um texto básico), 59ª posição, em 70, no ranking de leitura no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Qual é a causa? Eis o busílis, como dizia aquele personagem de um livro de Rubem Fonseca.
Para o novo secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim, indicado para o cargo pelo guru do regime, Olavo de Carvalho, o culpado é a ideologia. Segundo a BBC News Brasil, para Nadalim, que trabalhava numa escola infantil em Londrina, há “preocupação exagerada com a construção de uma sociedade igualitária”, ignorando-se “evidências científicas sobre como alfabetizar crianças”. Dono de um site de sucesso, “Como educar seus filhos”, adeptos da educação em casa, Nadalim aposta tudo no “método fônico” e culpa o construtivismo (o aluno é construtor ativo do conhecimento) e o uso das ideias de Paulo Freire pelo mau desempenho.
Nadalim garante que alfabetizar é questão técnica: fazer a criança identificar as letras com os sons da fala. Construtivistas reagiram. Afirmam que Nadalim confunde conceitos. Sustentam que a questão não é de método, mas de meios. Uma criança aprende melhor quando repete sons abstratos ou quando se envolve com aspectos concreto da sua realidade? Maria do Rosário Longo Mortatti, especialista no assunto, resumiu em estudo sobre o tema: “Como alfabetizar? Por onde começar? Pelos nomes das letras, pelos sons das letras, pelas sílabas, por palavras-chaves, por sentenças ou por histórias? Essas são as primeiras e mais urgentes perguntas feitas por aqueles cuja tarefa é o ensino inicial da leitura e escrita a crianças”. Foi adiante: “Como enfrentar as dificuldades tanto de nossas crianças em aprender a ler e escrever quanto de nossos professores em ensinar?” Mortatti analisa o livro “Alfabetização: método fônico”, de Alessandra e Fernando Capovilla, muito citados pelos seus defensores.
Conclusão: o método fônico no Brasil é aplicado desde o século XIX: “Embora os autores a anunciem como uma ‘boa-nova’, não se trata de uma proposta nem ‘nova’, nem ‘pioneira’, nem ‘solução científica efetiva’, com ‘demonstrada eficácia, cientificidade e atualidade’. A crítica mais dura a esse tipo de método é “a de que eles impedem que a criança apreenda o sentido do que se lhe oferece no momento inicial da aprendizagem da leitura”. A crise da alfabetização no Brasil, conforme Maria do Rosário Longo Mortatti, é antiga, anterior à prevalência do construtivismo.
Carlos Nadalim está de armas nas mãos: “Olavo de Carvalho já disse várias vezes, e eu concordo, diante daquilo que posso comprovar com meu método, que é preciso voltar ao método fônico de pré-alfabetização e alfabetização, e o Ricardo [Vélez Rodríguez] sabe disso. Então, se ele conseguir trabalhar essa questão, só isso já fará dele um herói”. Tá ok?
Eu entendo Flávio Bolsonaro.
Segundo um ministro do STF, em declaração à colunista Mônica Bergamo, Flávio assinou uma confissão de culpa ao recorrer ao Supremo. Pobre, menino, incompreendido. Ele só queria corrigir os rumos da justiça.Juremir Machado da Silva
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