O que o trabalhador brasileiro pode comemorar neste 1º de maio? Michel Temer prometeu uma reforma trabalhista que diminuiria o desemprego. O presidente comprometeu-se a vetar alguns artigos medievais. Não o fez. Emitiu uma Medida Provisória corretiva, que caducou sem ser votada no parlamento. O “melhor” ficou bem pior. Está valendo lactante trabalhar em ambiente insalubre. Antes da aprovação da reforma, toda noite um especialista garantia que só a mudança da CLT criaria empregos. No mesmo dia da vitória do seu campo ele surgiu aceso para afirmar que não se deveria esperar emprego a curto prazo. Que cara de pau! Um monumento.
Parte da mídia alardeou uma milagrosa melhora da economia. O país respirava. Dias melhores sorriam para os assalariados. O mercado de trabalho não ficou sabendo. Manchete de O Globo da última sexta-feira: “Desemprego sobe a 13,1% em março e atinge 13,7 milhões de pessoas”. UOL Economia: “Desemprego vai a 13,1% e é o maior desde maio; 13,7 milhões não têm emprego”. Estadão: “Desemprego sobe e analistas pioram projeções para o ano”. O mago Henrique Meirelles terá assunto para explicar na sua campanha à presidência da República. Poderá ensinar como melhorar a economia aumentando o desemprego.
Em janeiro, Michel Temer ainda bravateava para júbilo de O Globo: “Em busca de melhorar sua imagem, o presidente Michel Temer espera que a melhora da economia leve a taxa de desemprego neste ano a um dígito, terminando 2018 abaixo dos 10%”. O presidente pode alegar que ainda tem oito meses para atingir a sua meta. No auge do otimismo, tudo era permitido, até acreditar no pensamento mágico do ministro banqueiro: “Segundo a equipe de Temer, a taxa de desemprego em 2018 pode fechar o ano um pouco acima de 9%, principalmente se forem confirmadas as previsões do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de criação de 2,5 milhões de empregos durante o atual exercício”. As previsões de Meirelles só afundam.
As preocupações de Michel Temer talvez já sejam outras: saber onde vai morar depois do fim do seu curto e nebuloso reinado. Em São Paulo ou em Curitiba? A Folha de S. Paulo, num momento sincerona, destacou que a “recuperação do trabalho” no governo no Temer contabilizava “bico” como emprego: “Sob Temer, ‘recuperação’ do mercado de trabalho se dá com informalidade e desemprego recorde. Média anual de desempregados dobrou na atual gestão e registra maior taxa da série histórica. Em 12 meses, país criou vagas, mas nenhuma com carteira assinada”. A mídia sabe que não pode esticar demais a corda mesmo quando gostaria tanto de fazer isso. Michel Temer já era. Mas ainda causará estragos por alguns meses.
O trabalhador pode comemorar que a reforma da Previdência emperrou. Quando a mídia ultraliberal diz que a Previdência é deficitária omite que a Seguridade Social é composta por Saúde, Assistência Social e Previdência. Omite também que o bolo de recursos deve vir de um tripé: empregador, empregado e governo (por meios de várias contribuições). Para forçar o déficit, retira-se o governo como parte contributiva e não se fala que o mesmo desvia dinheiro da cesta da seguridade social por meio de um mecanismo chamado DRU, aumentado por Michel Temer, para outros fins. Enfim, na medida do (im)possível, feliz dia trabalho. JM