O programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS tem um acordo de cooperação com a Universidade Paul Valéry, Montpellier III. Todo ano um de nós vai para a França como professor convidado. Nossos colegas franceses também nos visitam regularmente para ministrar seminários ou dar palestras em nossos eventos. Compartilhamos pesquisas e publicações. Fazemos intercâmbio de mestrandos e doutorandos. Na semana passada, recebemos a visita do reitor, Patrick Gilli, e do vice-reitor, Philippe Joron, de Montpellier III. Tivemos várias atividades, do encontro como o reitor da PUCRS, Evilázio Teixeira, a uma reunião com docentes da Escola de Humanidades, até uma boa mesa de trabalho na Escola de Comunicação.
A Universidade de Montpellier foi fundada no século XIII. Depois de 1968, com a reforma resultante da grande agitação cultural e social daquela época, foi dividida em três partes. Atualmente, embora Paul Valéry continue a ser designada como Montpellier III, são apenas duas partes. No total, 71 mil alunos. Só Paul Valéry, de ciências humanas, tem 21 mil estudantes. Andamos com nossos visitantes por toda parte em Porto Alegre. Fomos jantar no Barranco e no Galpão Crioulo. Fechamos com um almoço no Gambrinus, no Mercado Público. A picanha e a tainha recheada fizeram sucesso absoluto. A efervescência da Cidade Baixa chamou a atenção. O Tecnopuc impressionou. O frio também. E o rodízio.
O sociólogo Philippe Joron já conhecia bem Porto Alegre. Gilli, historiador, especialista em Idade Média italiana, estava na sua primeira vez na capital gaúcha. De que falamos em todas essas andanças? De educação, pesquisa, tecnologia, cultura, especificidades nacionais, cortes de carne, universidades públicas e privadas, futebol (apresentei Romildo Bolzan, no Barranco, a Gilli) e política. Paul Valéry está apostando num projeto chamado “Humanidades digitais”. A ideia é explorar ao máximo as tecnologias a serviço das pessoas e das pesquisas em ciências humanas. Vivemos uma transição. Para onde vamos?
Antonio Hohlfeldt, nosso colega na Famecos e diretor do teatro São Pedro, nunca deixa de mostrar um pedaço do interior do Rio Grande do Sul para as visitas. Levou Gilli e Joron para ver um alambique em Ivoti. A chuva impediu que o passeio se alastrasse por Nova Petrópolis e talvez, num arroubo, pelos vinhedos e recantos da Serra. Na próxima, levo todo mundo a Palomas e, se duvidar, invadimos o Uruguai. Porto Alegre tem lugares que encantam estrangeiros e são ignorados pelos nativos. Por exemplo, a capela positivista da avenida João Pessoa.
Se algo de ruim acontecer com o destino do país, que ninguém está livre de uma derrapagem, hesito entre me exilar em Palomas, fundindo-me com a natureza e com o passado, ou fugir para Montpellier em busca do futuro. Não cheguei a tratar desta possibilidade com os nossos amigos, mas não posso descartá-la. Tem muita gente se mandando para Miami. Eu prefiro o sul da França. Tem sol, liberdade e história. Edgar Morin, aos 97 anos de idade, mudou-se para lá. É um bom sinal.JM