quarta-feira, julho 12, 2017

Cai ou não cai?


 Michel Temer vai ou fica? Tudo depende do DEM e do PSDB. O cavalo está passando encilhado para Rodrigo Maia. Por que ele se recusaria a fazer com o Temer o que este fez com Dilma? O paradoxo do traidor é que ele jamais pode exigir fidelidade. A presidência pode cair no colo de Rodrigo Maia. Ele nunca pensou em chegar tão longe. O resto fica por conta do PSDB. Vamos raciocinar juntos. O que desejam os tucanos? As reformas trabalhista e da Previdência. Nada mais. Eis.
Quadro um: para ter as reformas os tucanos precisam manter Michel Temer no poder? Não. A trabalhista já foi. Adeus, Getúlio. A da Previdência, mais difícil, os tucanos podem alcançar com Rodrigo Maia no comando. Qual seria a vantagem de trocar? Obter o fim desejado e ainda se gabar para o eleitor de ter despachado o governo corrupto. Os tucanos estão com a faca, o pão e o queijo nas mãos: podem ter tudo o que sonham e ainda posar de moralizadores e de inimigos da corrupção. O que falta para que compreendam o cenário? Livrar-se do medo de alguma delação imprevista.
Ousar como nunca fizeram até agora. Apenas.
Quadro dois: a mídia está louca para fazer as pazes com o PSDB. Basta um movimento para que os tucanos voltem a ser os queridinhos da chamada mídia hegemônica: expulsar Aécio Neves. Se o PSDB romper com Temer e livrar-se de Aécio, em dois toques, ressurgirá das cinzas como o partido da modernidade, do futuro, da racionalidade e da ética. Estará cacifado para ganhar as eleições de 2018. O mercado gosta do PSDB. A mídia sempre o adorou. A justiça tem uma quedinha pelos tucanos.
É só uma questão de ajuste, de detalhe, de coragem para voar.
Não existe vazio na política. O Brasil foi dominado nas últimas décadas por PT, PMDB e PSDB. Os petistas estão aglutinados em torno de Lula como filhotes que se aninham em busca de proteção. Os peemedebistas zumbem em redor de Temer já em tom de desespero sentindo a boiada se perder. Os tucanos, depois de beijar a lona, podem voltar rapidamente ao palco. Se expulsarem Aécio e abandonarem Temer, pavimentarão o caminho para João Dória em nome da oposição ao surgimento de um aventureiro como Jair Bolsonaro. Terão os tucanos coragem de expulsar o mais dileto dos seus filhos, o jovem, dinâmico, tradicional e moderno neto de Tancredo Neves? Ou temerão que ele caia atirando? Mineiros também disparam quando se sentem em perigo?
Esse é o cenário político brasileiro. Um quadro simples e cristalino: só o mais frio sobreviverá. Tudo depende de quem vai trair primeiro. O PSDB nada tem a ganhar sendo fiel a quem dormiu por anos com o seu principal inimigo. A melancolia de Michel Temer reside no fato de que ele precisa contar com o que jamais deu a alguém: confiança. Na solidão do Jaburu, Temer é um Dorian Gray que se olha no espelho do poder e vê o seu rosto se deformar a cada hora. No cristal perfeito, com pompa e faixa, aparece Rodrigo Maia. Por trás dele, vê-se o ministério: Henrique Meirelles e um bando colorido de tucanos. No Brasil, o poder corrompe, a corrupção empodera e não se perde oportunidade.
Voa mais quem salta do muro. Michel Temer sabe disso.
Michel Temer já saiu da mediocridade para entrar no rodapé da história.
Graças a ele Getúlio Vargas passou do suicídio ao assassinato.
Duas mortes com os mesmos mandantes.JM

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