As seguradoras brasileiras estão se preparando para atender às novas determinações da Superintendência de Seguros Privados (Susep), apresentadas sob forma de circular. O documento dispõe sobre os controles internos específicos para a prevenção contra fraudes. Nesse momento de adequações, a troca de experiências entre empresas e instituições nacionais e outras que atuam no exterior pode ser fundamental para a adaptação às praticas operacionais estabelecidas pelo órgão regulador. E embora as seguradoras tenham prazo ainda não estabelecido para adequar suas estruturas de controle interno ao disposto na circular, pode-se perceber o empenho do segmento no sentido de aumentar o controle das fraudes. Tanto que diversos representantes de empresas brasileiras compareceram ao Seminário Internacional de Programas de Combate à Fraude contra o Seguro, realizado ontem no Rio de Janeiro. O evento contou com a participação de especialistas em fraude do Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Espanha e Argentina, que buscavam o intercâmbio de experiências no controle de fraudes no segmento. Uma das maiores autoridades mundiais no controle de fraudes aplicadas em seguros, a vice-presidente da Associação Internacional das Unidades Especiais de Investigação (IASIU), Cathy Gicker, acredita que o sucesso do controle de fraudes é determinado pelas seguradoras na identificação do golpe. “A partir do momento em que se suspeita de uma fraude, cada evidência deve ser checada, respaldando processos civis e criminais, que, se bem-sucedidos, levam à punição dos culpados e ao retorno financeiro da sociedade, a principal lesada no caso de fraudes”. Além disso, Gicker considera de fundamental importância a educação, não somente do setor, mas da sociedade para o impacto econômico das fraudes. “Nos Estados Unidos, é comum a realização de campanhas de conscientização em rádios, tevês e outras mídias explicando que o dinheiro desviado em golpes contra o setor de seguros é retirado da própria sociedade, que poderia ter custos menores nos prêmios”, lembra a executiva. Estima-se que os valores das apólices poderiam ser até 15% menores se a variável “fraude” não fosse um dos componentes que formam o preço dos contratos oferecidos pelas seguradoras. No Brasil, a conscientização a respeito da importância do combate à fraude é um trabalho que já vem sendo feito por diversas instituições, como a Fenaseg, a Funenseg e a própria IASIU, que atua no país desde 2003. “Há uma ação integrada entre essas instituições, que buscam disseminar experiências, metodologias e processos entre as seguradoras”, conta o superintendente da Liberty Seguros e presidente da IASIU Brasil, Moisés Ferreira. Segundo o executivo, com o crescimento do mercado de seguros no país, que praticamente dobrou sua participação no PIB nos últimos cinco anos, a tendência é que haja um aumento do número de casos de fraudes. “Por isso, é fundamental essa mobilização das seguradoras na tentativa de conter os golpes”, conclui.
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