quarta-feira, agosto 08, 2012

O universo do projeto de pesquisa em novo livro


Os mitos e as indagações que surgem da autoria do primeiro projeto de pesquisa são o foco de Carta de uma orientadora: um projeto de pesquisa, novo livro da professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília Débora Diniz. Orientadora de quase cem pesquisas, a pesquisadora Débora Diniz ensina metodologia, documentário, feminismo, bioética e direitos humanos na UnB. Além disso, foi premiada 81 vezes por pesquisas, livros e filmes. A obra foi lançado pela Editora LetrasLivres nesta terça-feira, 7, na Livraria Sebinho da 406 Norte.Sucessão de dicas e explicações sobre o processo de produção acadêmica, a obra é mais que um manual técnico: pretende simplificar o processo de produção e orientação acadêmica. Escrito em formato de carta, apresenta tom de conversa, com diversos exemplos vividos pela autora, marcando, assim, uma aproximação com as leitoras. “O livro nasceu de minha experiência como orientanda e orientadora durante o momento quase enigmático que é a produção de um projeto de pesquisa”, disse a autora.O conceito do texto veio da repercussão de mensagens esclarecedoras enviadas a orientandas e que acabavam ganhando notoriedade, sendo encaminhadas e multiplicadas para muitas colegas ansiosas. A partir desse interesse, Débora Diniz percebeu uma lacuna nas produções literárias. “Não havia uma publicação que tratasse diretamente do assunto. Orientandas e orientadoras apenas faziam o trabalho sem um apoio por escrito”, explicou.A opção por uso do gênero feminino no texto acompanha a familiaridade que quis criar com seu dia a dia como orientadora. A professora explica que o texto não é voltado diretamente para mulheres e pode ser lido por qualquer pessoa em processo de produção acadêmica. “Escrevi o livro com uma orientanda em mente, aquela às voltas com a primeira produção acadêmica, aluna do 7º semestre do curso de graduação que inicia seu projeto de conclusão de curso. Mas a publicação tem sido procurada por pessoas com diferentes perfis”, contou.
SUGESTÕES – Os temas do livro são exatamente muitos dos itens enumerados no primeiro encontro entre orientadora e orientanda. A ideia é sistematizar todas as informações desse momento que, para muitos, se torna difícil. Algumas dicas, no entanto, vão além. Uma delas diz respeito à própria escolha de orientador. “A estudante deve procurar alguém com quem tenha afinidade; a levar em conta aspectos temáticos, políticos e mesmo afetivos”, aconselha.Outra sugestão é não perder de vista o trabalho permanente de escuta. “Uma metáfora que uso é a da cozinheira ou costureira. Como no trabalho dessas profissionais, a pesquisadora deve tentar diversas vezes, experimentar - e nunca deixar de prestar atenção aos detalhes”, disse Débora.
Reprodução/UnB Agência

Sobre o processo de observação, ela lembra que a paciência é a virtude mais importante durante o processo de produção acadêmica. “A academia não combina com ansiedade imediatista. O processo de descoberta inerente a esse trabalho exige tempo e calma”, explicou.Ao tratar do processo sob o ponto de vista da orientanda, a autora não se furtou de abordar também o trabalho das orientadoras. “Cada encontro com uma nova orientanda é único, não importa quantas vezes passamos por esse processo antes. O que percebi é que cada nova estudante que encontro é uma nova descoberta”, explicou. Uma novidade da publicação é a versão eletrônica lançada com o formato impresso - o que, para a autora, responde a uma mudança no cenário editorial. Dessa forma, acredita Débora Diniz, o livro é publicado com a cara da leitora a quem se destina a obra, mais moderno e acessível.

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