As seguradoras e os consumidores derrubaram o projeto da Volkswagen anunciado há três meses. No dia 15 de março, a montadora informou que todos os veículos Gol, Parati, Saveiro, Fox, CrossFox, SpaceFox, Polo, Polo Sedan, Golf e Kombi iriam sair de fábrica com sistema de rastreamento. O anúncio foi um sucesso, rendendo até manchete de jornais dizendo que o projeto iria revolucionar o setor e seria seguido pelas concorrentes. Ontem, a VW voltou atrás e informou que mudou a estratégia para baratear o principal vilão da queda nas vendas de alguns modelos da marca: o preço do seguro. O que vale agora é um acordo com quatro seguradoras - Mapfre, Porto Seguro, SulAmérica e Bradesco, por meio da sua associada Indiana -, que irão fazer um pacote especial para os proprietários dos veículos que quiserem instalar o rastreador e obter um valor mais acessível pelo seguro. Todas foram procuradas mas só vão se pronunciar sobre os benefícios que serão dados aos segurados após assinarem o acordo com a montadora. A estratégia era boa. A VW ofertava o rastreador desde 2005 para o modelo Golf. Isso fez com que o carro deixasse a liderança do ranking dos mais roubados para ocupar a oitava colocação. Com isso, o preço do seguro chegou a cair quase 40%. Mas não deu certo porque os consumidores se negaram a pagar a habilitação do rastreador da VW, no valor anual de até R$ 800. A Indiana até tentou viabilizar a iniciativa da montadora. Ela fez uma parceria com a Crown Telecom para subsidiar parte do valor anual da ativação do sistema de rastreamento e monitoramento via satélite 24 Horas. O segurado que quisesse ativar o serviço pagaria anuidade de R$ 575, em vez de R$ 800, diluídos no seguro. Mas também não convenceu o consumidor, que está habituado a ter a instalação e habilitação "de graça" feita pela seguradora e ainda a ter um desconto no seguro por deixá-la instalar o equipamento. Com o equipamento da montadora, portanto, teriam um custo. Já as seguradoras querem colocar o equipamento nos carros que interessam ter em carteira. Aqueles que não interessam, cobram um preço alto para afugentar o consumidor. "Tem carro que nem com rastreador estamos aceitando. E se o proprietário tem um perfil ruim, complica ainda mais a situação", disse um segurador que preferiu não se identificar. Além disso, elas têm seus próprios contratos com empresas de rastreamento, nos quais negociam preços diferenciados, sem ficarem presas ao fornecedor da VW. "Eu dou o desconto para o segurado e quem me garante que ele vai pagar a habilitação mensalmente?", disse outro segurador. "Prefiro que essa responsabilidade fique com a seguradora, que já tem um contrato com uma empresa de rastreamento, responsável por localizar o carro, buscá-lo e entregá-lo à companhia", disse. Para as seguradoras, assumir o custo para todos os veículos da VW não é viável economicamente. "Não há interesse da seguradora em habilitar um sistema de um segurado que more em cidades onde o risco do roubo é praticamente nulo ou de carros que tem alto índice de recuperação", disse outro segurador. (Gazeta Mercantil/Sincor-RO).
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