A literatura brasileira vive um bom momento na Argentina. Além da reedição de obras clássicas, como Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, uma leva de autores contemporâneos estão sendo editados. Entre eles, Ronaldo Correia de Brito, João Antonio, Luiz Ruffato e Sérgio Sant’Anna, para citar alguns.Vejo nas livrarias de Buenos Aires obras de escritores jovens que pensei que fossem demorar mais em chegar aqui, como Mãos de Cavalo, de Daniel Galera, e Vésperas, de Adriana Lunardi. E fico muito orgulhosa por poder presentear amigos com muitos dos livros de Caio Fernando Abreu em castelhano.Até Os Ratos, de Dyonélio Machado, uma obra de 1935 que estava inédita em espanhol foi traduzida no ano passado! Resumindo, tem chegado muita coisa bacana da nossa literatura para os argentinos nos últimos tempos.Exatamente por isso não entendo a timidez da participação do Brasil na Feira do Livro de Buenos Aires. O nosso estande diminui a cada ano e desta vez é praticamente do tamanho do estande do Azerbaijão, para vocês terem uma idéia. Algo em torno de 35 metros quadrados, quando muito.Se o problema fosse só o tamanho, não era nada. A questão é que mesmo pequeno, quase não tem livros. Para completar, a única programação oficial da embaixada é uma conferencia sobre Jorge Amado, a ser proferida pela filha do escritor, Paloma Amado.Nada contra, mas a gente tem muito mais para oferecer. Ou então sou eu que não compreendi a proposta.Na Feira Internacional de Turismo (FIT), por exemplo, o Brasil normalmente tem uma área que ultrapassa 600 metros quadrados e a programação é intensa.Se turismo sim, porque literatura não?Aos amigos argentinos, indico que se dirijam aos estandes que vendem obras de pequenas editoras, como Adriana Hidalgo, Beatriz Viterbo, Corregidor, Bajo la Luna, Eterna Cadencia e Eloísa Cartonera. Lá eles encontram livros brasileiros.Estas empresas fazem um trabalho importante para colocar os nossos talentos no mercado de língua hispânica. Nos últimos anos publicaram um leque bem variado, que inclui – alem dos autores já citados – nomes como Ana Cristina Cesar e Paulo Leminski. Isso sem falar em João Gilberto Noll e Milton Hatoum. Juntas, a Corregidor e a El Cuenco del Plata lançaram recentemente sete obras de Clarice Lispector!Quer dizer, pinçaram o que a gente tem de melhor para os argentinos se apaixonarem de vez pelas nossas letras.Mas ainda falta vitrine. Ou compreensão do imenso mercado de leitores que tem esse país, sedento por absorver mais do Brasil do que podem dar 15 dias numa praia de Santa Catarina.Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha
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