Bancos e institutos de análise decretaram o fim da recessão no Brasil já em abril passado. Na ponta do lápis dá mais ou menos um semestre de economia sob o tacape da recessão técnica, como é chamada na cartilha dos especialistas. Findava o ano de 2008 e, naquele momento, esses mesmos senhores previam um longo e tenebroso inverno econômico não apenas para o resto do mundo como também para o Brasil. A crise de expectativas alimentou a própria crise. O País assistiu à paralisação forçada do parque industrial em dezembro, pelo medo que o desconhecido provocava nos empreendedores. No País de ritmo acelerado, com vendas nas nuvens, empresas pisaram fundo no freio, sem ter exatamente um motivo concreto. Virou o ano e a escassez de oferta apareceu como novo fenômeno. Empresas, especialmente do meio automobilístico, perceberam tarde demais que tinham errado a mão no tamanho da brecada. Haviam acreditado nas previsões apocalípticas dos especialistas e ficaram sem produto para vender diante de uma demanda que não parou e foi procurar o que queria na concorrência. Muitos perderam bons negócios por falta de arrojo e por não acreditarem no fôlego do mercado interno. A macroeconomia girava em compasso de espera porque exportações, multinacionais aqui instaladas e toda a roda dos negócios globais sentiam o efeito da crise importada. O que ninguém contava era com uma arma tipicamente local que se converteu na mais consistente alavanca de retomada do País: o microconsumo. Como símbolo desse motor, que não parou de rodar mesmo nos momentos mais agudos da retração, uma animada senhora chegou a aparecer nas telas de tevês do País, em pleno Natal, comprando sem parar na seara do consumo popular paulista, a rua 25 de Março. Indagada pelo repórter se não temia a crise, saiu com uma tirada que expressava o ânimo desse público: "A minha crise eu adiei para abril." A sabedoria popular da idosa ditou, na verdade, o comportamento desse mercado. Contrariando os especialistas e confirmando o movimento da octogenária, em maio, como mostram os relatórios dos bancos Bradesco e Itaú, revelados pelo jornalista Guilherme Barros, na Folha de S. Paulo, deu-se a virada dos números. Pelas contas do Bradesco, o PIB naquele mês já subira 1,7%. Pelas do Itaú, 2,3%. As próprias empresas agora estão trabalhando com a expectativa de que daqui a dois meses o PIB do País comece a girar no ritmo de 4% ao ano. Os especialistas vão discordar?(CJM).
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