sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Senador fala em 'acabar verba malcheirosa'

Pressionado pela imprensa, o presidente do Senado, José Sarney (AP), disse meia dúzia de palavras a chamada verba indenizatória paga aos congressistas. Disse o seguinte: “Temos que encontrar um meio de acabar com a verba indenizatória, que tem criado tantas discussões e problemas”. Dá-se o apelido de “indenização” ao complemento salarial que a Câmara e o Senado pagam aos parlamentares a título de ressarcimento de despesas. Despesas supostamente relacionadas ao exercício do mandato –aluguel de escritórios, combustível e contratação de serviços diversos. Cada congressista tem direito a R$ 15 mil por mês. Os repasses são feitos mediante apresentação de notas fiscais e recibos. Uma papelada que, por malcheirosa, o Congresso sempre manteve a sete chaves, longe dos olhos da opinião pública. Nesta semana, a direção da Câmara decidiu expor os gastos na internet. Mas só a partir de abril. O baú do passado permanece lacrado. No Senado, casa em que os gastos continuam à sombra, Mozarildo Cavalcanti (RR) apresentou um projeto melindroso.A pretexto de acabar com as tais verbas, Mozarildo sugere que elas sejam parcialmente incorporadas aos contracheques dos congressistas. Hoje, noves fora a moradia e as cotas de passagem aérea, de telefone e de correio, o salário de deputados e senadores é de R$ 16,5 mil. Pela proposta de Mozarildo, passariam a receber o mesmo que os ministros do STF: R$ 24,5 mil. Os repórteres acercaram-se de Sarney justamente para perguntar-lhe o que achava da "saída Mozarildo". E ele: “Não sei se essa é a melhor fórmula, mas temos que encontrar um meio de acabar com a verba indenizatória, que tem criado tantas discussões e problemas...”“...Não sei se será esse o meio. Não posso dar somente minha opinião, tenho que ouvir os colegas. Mas acho sensato a gente pensar em um caminho melhor”. A “audição dos colegas” vai desembocar no óbvio: a maioria dos deputados e senadores não cogita abrir mão da prebenda da Viúva.Portanto, prepare-se: vem aí, embrulhado em discurso pseudomoralizador, um tônico salarial para os congressistas.

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