O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) parece mesmo decidido a tornar-se um personagem incômodo no Congresso. Para evitar que o alarido das baterias amorteça as declarações que sacudiram Brasília na fase pré-carnavalesca, o senador decidiu subir à tribuna do Senado. Prepara um discurso azedo. Pretende detalhar as perversões que desvirtuam a ação dos partidos políticos. Práticas que arranhou em entrevista veiculada há dez dias. Para Jarbas, não se deve permitir que o Carnaval funcione como anestésico contra um debate que considera “urgente e inevitável”. O senador trata a corrupção como “um tumor”, que precisa ser “lancetado”. No discurso, pretende ultrapassar as fronteiras do PMDB. Vai mencionar, por exemplo, um flagelo que infelicita os governos estaduais e também o federal: o assédio dos partidos às arcas do Estado.“Por que determinados partidos procuram governadores e presidentes da República para pedir espaço em diretorias financeiras de estatais?”, pergunta Jarbas.“Qual é a explicação lógica, a justificativa racional para que um partido como PMDB reivindique o comando e diretorias financeiras de uma estatal como Furnas?”A resposta às questões que o senador vai levantar, por óbvia, é conhecida até dos mármores que forram o prédio do Senado. Os políticos acercam-se dos cofres das estatais para desviar verbas públicas. Em português claro: para roubar.
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