quarta-feira, agosto 24, 2011

Enquanto isso... em Brasília!

Muita fumaça continua a empanar a imagem da Esplanada dos Ministérios. A bateria de denúncias agora se volta contra o Ministro das Cidades, Mário Negromonte, do PP, atingido pela acusação de ter implantado um "mensalão" com o objetivo de cooptar o apoio de correligionários. Surpreende o fato de surgir essa execrável figura do "mensalão", depois que esse instrumento fracionou a imagem do PT, nos tempos do todo poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu. Seria isso possível ? Na verdade, a competitividade intra e inter partidos está mais incrementada. Sinais de um tempo em que ninguém tem mais vergonha de criar e engordar os bichos que se alimentam na mesa da corrupção.
Turismo na mira
O bombardeio sobre o Ministério do Turismo continua implacável, sob a tênue defesa de um grupo de parlamentares que alega não haver nada que comprometa o ministro Pedro Novais. O ministro deverá permanecer no cargo. Balança mas não cai. Saiu-se muito bem no Senado, ontem. Blindado e amparado. Poderia, agora, ir a público e anunciar a suspensão de convênios suspeitos com organizações fajutas. Seria mesmo aconselhável que um rolo compressor fosse empurrado em todas as áreas para expurgar detritos e afastar as impurezas que assolam aquele pedaço da Esplanada. Não houve nenhum problema de convênios efetuados com organizações que fazem parte do Conselho Nacional do Turismo. Ministro Novais, separe o joio do trigo.
CPI da corrupção ?
Difícil sair a CPI da corrupção porque a base governista no Senado a impede. O senador Cristovam Buarque (PDT), mesmo fazendo parte da base, promete buscar assinaturas para criar a CPI caso a presidente Dilma suspenda a faxina que faz em cozinhas e salas de estar de alguns Ministérios. Buarque, porém, usa essa promessa como aríete para abrir fendas nos desvãos da visibilidade.
Mendes, amigo
Mendes Ribeiro (PMDB-RS), elevado ao cargo de ministro da Agricultura, foi saudado pela presidente Dilma como velho amigo. Foi agraciado com uma forte palavra de confiança em seu trabalho.
Rossi, elogiado
Wagner Rossi, por sua vez, foi bastante elogiado pela presidente. Que agradeceu por duas vezes sua ação no comando do Ministério da Agricultura. Rossi era considerado um dos melhores ministros pela presidente Dilma.
PSDB sindicalista
O evento quase passou despercebido. O PSDB acaba de abrir um capítulo novo no livro de sua história. Partido elitista, cheio de intelectuais e professores, que circundam em torno do ex-presidente Fernando Henrique, começa a fincar eixos nos espaços do sindicalismo. O tucanato decidiu filiar trabalhadores e arrumar um discurso nesse meio, seguramente como contraponto ao contingente sindical que continua a manobrar importantes eixos do PT. O que estranha é o fato de que FHC, sempre que pode, aperta seu canhão contra o sindicalismo burocrático brasileiro, que mama nas tetas do Estado. O sociólogo, aliás, elegera esse vértice de poder como alvo predileto para treinar seu arsenal verborrágico. Agora, ao que parece, o PSDB entrou na teia.
Rose candidata ?
Rose de Freitas (PMDB-ES) se movimenta para ser candidata do PMDB à presidência da Câmara. Desse modo, começa a obstruir os caminhos do líder do partido, Henrique Alves, "eterno" candidato àquele cargo. Ocorre que Henrique tem sido muito criticado por parcela da bancada peemedebista na Câmara por não consultar as bases e tomar decisões unilaterais. Rose de Freitas, por seu lado, sentindo o vácuo, começa a se mexer. Como vice-presidente da Câmara, acha-se no direito de reivindicar o comando da Casa. Foi assim, aliás, com Marco Maia, que substituiu o vice-presidente Michel Temer. O sonho de Henrique é o de presidir a Câmara. Se conseguir administrar a rebeldia de um grupo de deputados – uns 20 – pode voltar a sonhar.
PMDB sai de Furnas
O PMDB deixa mais um de seus tradicionais territórios. Desta feita, perde duas diretorias em Furnas. O atual presidente, Flávio Decat, quer formar sua equipe na estatal com nomes de sua confiança, conservando, porém, os quadros do PT. Mais uma fogueira a jogar fumaça nas relações PMDB/Governo.
Os lençóis de Bernardo
Ninguém pode se considerar seguro dentro da moldura ministerial. Mas o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pode ser a exceção. Marido da ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, Bernardo demonstra tranquilidade com a informação de que usou, por mais de uma vez, o jato da construtora Sanches Tripoloni, empresa que recebeu do governo Federal R$ 267 milhões. Em nota, o ministro disse que usou aviões fretados durante a campanha de Gleisi ao Senado. E se houver provas de que teria pegado carona no avião da construtora ? Se Paulo Bernardo faz uma nota com a ênfase que deu, é porque ampara-se em fortes argumentos. Sob pena de ser pego com a boca na botija. Não cometeria ele esse desatino. O ministro tenta se desvencilhar dos maus lençóis. E, ao que parece, vai conseguir.
Marta rebelde
Marta Suplicy, apesar de gostar de ser senadora, parece apreciar mais a paisagem do Vale do Anhangabaú. Quer porque quer voltar ao comando da maior capital do país. Lula a recebeu esta semana. E lhe disse com todas as letras que o PT precisa entrar na campanha de 2012 com uma "cara nova". Em outras palavras, Fernando Haddad. Lula também recebeu os "novatos" Carlos Zarattini e Jilmar Tatto, que também pleiteiam a candidatura à prefeitura. Claro, são caras novas, mas a nova cara que Lula quer emplacar é a do ministro da Educação, Fernando Haddad. Marta saiu da reunião, anunciando que é "candidatíssima". Forma de dizer, "vou lutar, mas sei que vou perder para o Lula". A rebeldia de Marta não será suficiente para enfrentar o deus petista. Bingo !
Palestras
Bill Clinton ganha em um ano dez vezes mais que ganhava como presidente. Faz 43 palestras em 14 países, cobrando entre 150 mil a 350 mil dólares, cada uma. Tony Blair, ex-primeiro ministro inglês, cobra ainda mais : em 36 horas nas Filipinas, com duas palestras, faturou 600 mil dólares, 9 mil por minuto. O que ele diz nessas palestras ? Coisas como : a política realmente importa ; a religião é uma fonte de inspiração ou uma desculpa para o mal. E Lula, hoje, cobra entre 200 mil a 500 mil reais. Os ex-governantes enriquecem facilmente.
Negromonte, ser ou não ser ?
Esta coluna apurou que Mário Negromonte, ministro das Cidades, tem os dias contados. O Planalto não quer um ministro que perdeu o apoio da bancada. Mas ele garante que não perdeu. A conferir !
Temer, algodão entre vidros
Diante da fraca atuação do atual presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp, o vice-presidente da República, Michel Temer, intensifica sua atuação como bombeiro para apagar incêndios, a partir de seu próprio partido, o PMDB. A presidente Dilma o aciona constantemente. Temer acalma um grupo, aqui, põe um bandaid noutro, acolá. E assim, as feridas vão sendo cicatrizadas.
Caras novas
Este consultor tem dito e repetido : a campanha para a Prefeitura de São Paulo será muito diferente de outras. A começar pelas caras novas : Chalita, Haddad, D’Urso. Os debates ganharão uma linguagem nova. Lula, que respira política pelos poros, tem razão. O copo transbordou de gente velha. O povo quer ver caras novas.
Groucho
Diante de uma bela dama, Groucho Marx perguntou : "você quer se casar comigo ? Você é rica ?". E antes da moça responder, completava : "responda primeiro a segunda pergunta". 
Conselho aos tucanos
Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos partidos. Hoje, sua atenção se volta aos tucanos :
1. O momento político sugere a arrumação de um discurso de oposição. O PSDB ainda não o tem. Fazer CPI não é discurso, é barulho. Qual a ideia central do partido para o país ?
2. O ex-presidente Fernando Henrique, com seu bom senso, dá apoio à faxina que a presidente Dilma faz na Esplanada dos Ministérios. Mas com seu gesto de boa vontade, cria uma ponte de aproximação/identificação com o governo. Será entendido como apoiador do governo.
3. O PSDB sempre careceu, e nunca conseguiu, formar uma base política com a militância das massas municipais e periféricas. Trata-se de um partido formado com o apoio das classes médias e do topo. Enquanto não descer à base da pirâmide, será sempre um partido de muitos caciques e poucos índios.

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