quinta-feira, abril 10, 2008

Negócios

Os gringos foram embora. Saída das bandeiras Sofitel, Marriott e Renaissance coloca em dúvida o futuro do Costa do Sauípe e levanta uma questão: o resort está à venda.O resort Costa do Sauípe foi concebido para ser uma espécie de paraíso. Encravado no litoral baiano, o complexo composto de 1,4 mil apartamentos reúne ampla estrutura de lazer, que inclui quadras de tênis, piscinas e um campo de golfe envolto por coqueiros. Só que, do ponto de vista financeiro, o Sauípe mais parece o “inferno”. Seu dono, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), jamais conseguiu recuperar os R$ 330 milhões investidos. Para tentar virar o jogo, a Previ colocou em marcha mais um processo de reestruturação. O primeiro ponto foi negociar a saída amistosa de dois dos quatro operadores do complexo, com os quais o fundo teria assinado contratos pouco vantajosos. A francesa Sofitel recolheu as duas bandeiras em junho de 2007. As americanas Marriott e Renaissance farão o mesmo daqui a dois meses. A gestão dos quatro prédios será feita por meio das marcas próprias Sauípe Suítes e Sauípe Conventions. Uma opção vista com desconfiança pelo mercado. “A perda de grifes globais gera incertezas na cabeça dos turistas e dificulta a promoção do resort no exterior”, avalia um consultor, sócio da Hotel Financial Specialists. A estratégia da Previ também suscitou uma questão: O resort será colocado à venda? Alexandre Zubaran, presidente do Costa do Sauípe, nega. “Não consideramos essa hipótese”, disse. Ressalta, contudo, que não faltam interessados. “No último ano recebi inúmeras propostas de associação e compra do empreendimento. Todas foram recusadas.”O executivo destaca que as medidas tomadas nos últimos 15 meses têm por objetivo estancar os prejuízos e colocar o resort no azul. Os primeiros resultados foram colhidos no período janeiro- março. “O ganho financeiro dos dois hotéis herdados da Accor cresceu 244% em relação ao primeiro trimestre de 2007”, cita. A meta é manter a taxa de ocupação em 62% e brigar para melhorar o desempenho financeiro. “São números expressivos, mas insuficientes para rentabilizar um complexo desse porte”, pondera um consultor que pediu para não ser identificado. Não é exagero dizer que, em boa medida, o Costa do Sauípe pagou o preço do pioneirismo. Inaugurado no final de 2000, o complexo sofreu o primeiro revés com os atentados de 11 de setembro de 2001, que inibiram as viagens internacionais. Depois, vieram o apagão aéreo e a valorização do real diante do dólar, que levou muitos brasileiros a trocar o Nordeste por Cancún (México), Buenos Aires (Argentina) ou Nova York (EUA). Sem contar a explosão dos cruzeiros marítimos que singram pela costa brasileira. Apesar dos problemas, Zubaran confia no futuro. Com quatro dos seis hotéis em suas mãos, ele espera ter um controle maior dos custos. A idéia é montar uma central de compras e de manutenção, para usufluir dos ganhos de escala na aquisição de produtos e serviços. Pode não ser o bastante. É que, além dos fatores conjunturais, o executivo terá de lidar com uma competição mais ferrenha. Estudo do Ministério do Turismo indica que 38 resorts serão abertos no Brasil até o final de 2009. Investimento de R$ 3,6 bilhões que adicionará mais 6.278 quartos apenas à rede hoteleira do Nordeste. E oferta maior rima com preços menores, uma combinação quase mortal para quem busca engordar as margens de ganho. Sob essa ótica, a saída de grandes redes deixa o Costa do Sauípe mais leve do ponto de vista contratual. Pronto para ser passado adiante. Quem viver, verá!

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