sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Dilma é lançada nos EUA

A revista americana Foreign Affairs estampa em sua última edição um anúncio de dez páginas sobre o Brasil.Sob o patrocínio de estatais –BNDES, Petrobras e Embratur—e de um grupo de entidades e empresas privadas, o texto é generoso nos elogios.A adjetivação benfazeja começa pelo título principal: “Brazil, um gigante acorda”. Escorrega para os títulos secundários: “O Grande Momento do Brasil”. E esparrama-se pelo texto.Um texto que escamoteia os propósitos publicitários num mal disfarçado formato de reportagem. Embora esclareça que não ouviu Lula, a revista lhe atribui uma frase:“O Brasil ainda está firme porque fizemos o que devíamos ter feito”. Há foto do presidente e do mandachuva do Banco Central, Henrique Meirelles.A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) é apresentada aos leitores dos EUA em posição que, no Brasil, ela diz que não assume “nem amarrada”.O anúncio vende Dilma como provável candidata às eleições presidenciais de 2010. Salpica frases da ministra sobre biocombustíveis.Mais: o texto guinda o PAC (Programa de Acelaração do Crescimento) à condição de ponto central da gestão Lula.Informa-se também que Dilma preside o Conselho de Administração da Petrobras. A informação não é gratuita. Entre os trunfos do Brasil –estabilidade financeira, inflação baixa, etc—a revista menciona as descobertas de óleo do pré-sal.FHC também foi brindado no anúncio com referências elogiosas. “Os bancos brasileiros são sólidos e lucrativos graças à estabilidade criada pelo antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso”, anota o texto a certa altura. “De maio de 1993 a abril de 1994, FHC foi ministro da Fazenda do Brasil e introduziu o Plano Real para acabar com a hiperinflação...!”“...Embalado pelo sucesso de seu plano, ele foi eleito presidente em 1994 e reeleito quatro anos mais tarde”.A despeito das evidências, o Planalto informa que a peça publicitária não é publicidade. Seria um suplemento jornalístico. A coisa teria sido preparada pela revista com independência, diz o Planalto. Em verdade, o suposto suplemento jornalístico é o que a revista chama de "seção patrocinada".Diz o Planalto que as estatais brasileiras despejaram anúncios nas páginas da Foreign Affairs porque foram informadas de que sairia a “reportagem” sobre o Brasil.Deve-se à repórter Claudia Trevisan, primeira a trazer a notícia à rede, um lembrete nada negligenciável. Reza a Constituição, no parágrafo 1º do artigo 37 o seguinte:“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social...”“...Dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.O texto constitucional não há de gerar consequências. Não é a primeira vez que o Brasil recorre ao expediente de bancar "reportagens" da seção patrocinada da Foreign Affairs. FHC fazia o mesmo.

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