quinta-feira, maio 21, 2009

Crise muda perfil de seguradoras

O mercado segurador, que nasceu para aceitar riscos de terceiros, não está mais disposto a ficar com tantos riscos. Como resultado da crise, a pior para o setor em várias décadas, as empresas estão mais conservadoras e seletivas. A boa notícia é que a expectativa do mercado global é de que as empresas brasileiras e chinesas vão liderar a recuperação do setor no mundo. A outra tendência é que o mundo terá menos seguradoras após a crise. Um movimento de fusões e aquisições no setor no mundo é visto como inevitável e apontado como uma das soluções das companhias que sobraram para se capitalizarem, ganharem escala e competirem globalmente."Passamos pela maior recessão dos últimos 50 anos no mundo, com mudanças tectônicas no sistema financeiro", afirma a ACE, um dos maiores grupos de seguro do mundo. O futuro, diz ele, nunca foi tão difícil de ser previsto. O que se sabe é que os países emergentes (os BRICs, com exceção da Rússia) vão liderar a recuperação da economia global." A crise foi abordada em praticamente todas as apresentações.Para se ter ideia das mudanças "tectônicas", o presidente da ACE mostrou uma lista dos maiores bancos do mundo em 1999 e em 2009. Da lista de dez anos atrás, dominada por instituições europeias e americanas, pouco restou. O ranking agora é dominado pelos chineses (cinco bancos, dos quais três nos primeiros lugares), canadenses (também com cinco bancos) e até o Brasil (com o Itaú Unibanco no 18º lugar). Os bancos britânicos, como o Lloyds TSB, simplesmente sumiram da lista, e o suíço UBS caiu do oitavo lugar para o vigésimo lugar.Como resultado da baixa liquidez no mercado, as seguradoras (e o setor financeiro como um todo) se tornaram menos dispostas a aceitar riscos, a ACE. Nesse cenário, os mercados emergentes, com 6,3 bilhões de consumidores, que movimentam US$ 4 trilhões por ano, são uma das saídas para as seguradoras. No evento em Londres, os emergentes (leia-se BRICs) ganharam até uma disputada mesa redonda, que contou com duas sessões seguidas de análises. Sobre o Brasil, os executivos ficaram assustados com a quantidade de resseguradoras que foram investir no país nesse cenário turbulento. São quase 60 companhias, de vários países do mundo, em menos de um ano.O consenso é que o país, assim como Índia e China, tem baixa penetração de seguros na população e perspectivas enormes de expansão. Nos EUA e Reino Unido, todo mundo tem, pelo menos, alguma apólice. A Rússia, politicamente instável, foi descartada como potencial mercado para expansão.Nas fusões e aquisições, o mercado nunca esteve tão aquecido, destaca a Cooper Gay, uma das maiores corretoras do setor no mundo. Só a empresa fez três aquisições em 2008. Já a Tokio Marine Global, diz que adquirir uma companhia é uma forma de crescer rápido. "A oportunidade é melhor do que nunca para se fazer uma aquisição." Questionado sobre o Brasil, afirma que os "negócios estão indo muito bem". A seguradora japonesa comprou uma seguradora nos EUA em 2008 (a Philadelphia), já fez aquisições no Brasil (comprou a seguradora do Banco Real em 2005) e diz ser compradora no mercado brasileiro.Já na Europa, as seguradoras vão ter de lidar com as novas regras de solvência, que exigem mais capital de acordo com o risco. Já implantadas no Brasil desde 2008, essas regras (chamadas de Solvência II) foram longamente discutidas pelo parlamento europeu e só agora foram aprovadas. Em um cenário de escassez de recursos, as companhias vão precisar de mais dinheiro para se capitalizarem e os executivos esperam tempos difíceis. "A aplicação dessas regras era inevitável", afirma a ABI (a associação das seguradoras britânicas). "Vai ser necessária maior integração internacional e colaboração dos reguladores" diz a FSA (a instituição reguladora do mercado segurador e financeiro inglês). "Com as mudanças no mundo, um maior poder de intervenção é crucial", diz . Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.

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