sexta-feira, maio 29, 2009

Senador e mais 3 recebiam "bolsa moradia" sem saber

A cena, por ficcional, pede uma analogia literária. Recorra-se, então, à frase de um personagem de Dostoievski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.Descobriu-se que a Viúva vinha pagando indevidamente a quatro senadores um auxílio-moradia. Coisa de R$ 3.800 por mês.Entre os infratores estava José Sarney (PMDB-AP), o presidente do Senado. Mora em casa própria. Uma mansão no Lago Sul, bairro chique aqui de Brasília.Além de Sarney, beliscavam indevidamente o benefício o petista João Pedro (AM), o tucano Cícero Lucena (PB) e o ‘demo’ Gilberto Gollner (MT).A trinca dispõe de confortáveis apartamentos funcionais, custeados pela vulnerável e veneranda $enhora.Na última terça (26), inquirido sobre o inacreditável, Sarney soara peremptório. Disse que “nunca” recebera o auxílio-moradia.Nesta quinta (28), Sarney viu-se compelido a reconhecer o inaceitável: "Eu nunca pedi auxílio...”“...Por um equívoco, a partir do meio de 2008, verificaram que realmente estavam depositando na minha conta...”“...Mas eu já mandei dizer que retirassem porque nunca requeri e tinha a impressão que não estava recebendo. Eu dei uma informação errada e peço desculpas".Em verdade, o famigerado auxílio vinha pingando –inadvertidamente— na conta de Sarney desde maio de 2007. Tudo somado, chega-se a R$ 79.800.Sarney, que nada viu, promete devolver. Reunida nesta quinta, a Mesa diretoria do Senado decidiu que também os outros três terão de devolver o malversado.Houve má fé? Não, não. Absolutamente. Entendeu-se que João Pedro, Cícero Lucena e Gilberto Gollner não incorreram em malfeito.Deus, como se sabe, existe. Mas parece óbvio que Ele não está em toda parte. No Senado, quem dá as cartas é Asmodeu.Ali, a dissimulação é o mais próximo que o homem se permite chegar da virtude. Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.

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