terça-feira, maio 05, 2009

Partido no Planalto

Uma reunião de emergência quebrou a rotina do Planalto na noite passada.Lula chamou ao seu gabinete a caciquia do partido no Congresso.Queria entender por que o PMDB, dono de seis ministérios, anda tão emburrado.O maior partido do consórcio governista passou a difundir uma ameaça de rebelião.Súbito, voltou ao noticiário no seu velho e bom estilo.Pela enésima vez, o PMDB passou a pleitear, a pedir a querer... mais cargos.Em conversa com um auxiliar, Lula mostrou-se irritado: “O que quer essa gente?”Nos subterrâneos, o PMDB pleiteia o cargo de José Múcio (Coordenação Político).Pede uma cadeira nas reuniões da coordenação de governo.Diz que quer ser ouvido na definição das políticas de governo.Sob o atacadão de solicitações esconde-se o verdadeiro alvo do PMDB.O partido mira, na verdade, o varejo de cargos da Infraero.Pegou em lanças contra uma reforma moralizadora feita na estatal.Deve-se a irritação do PMDB a providências adotadas por um militar.Chama-se Cleonilson Nicácio Silva. É tenente-brigadeiro-do-ar.Assumiu a presidência da Infraero em dezembro de 2008.Está prestes a deixar a estatal. Vai retornar à Aeronáutica. Antes, reformou o estatuto da Infraero. Pôs fim a uma farra.A farra que submetera a estatal aeroportuária ao baixo mercado político.Das cinco diretorias da Infraero, quatro passaram às mãos de pessoal de carreira.Os 109 cargos comissionados –preenchidos sem concurso—foram reduzidos a 12.Foram mandadas ao olho da rua 28 pessoas que haviam entrado pela janela.Incluíram-se no rol de demitidos: Mônica Azambuja, Oscar Jucá e Taciana Canavarro.Mônica é ex-mulher do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).Oscar e Taciana são, respectivamente, irmão e cunhada de Romero Jucá (RR), líder de Lula no Senado.A resposta à pergunta de Lula –“O que quer essa gente?”—foi insinuada na reunião noturna.“Essa gente” quer a revisão das demissões da Infraero. E Lula deve atender.Depois da reunião, já se insinuava no Planalto que o afastamento da parentela fora “suspenso”. O tenente-brigadeiro Cleonilson está na bica de ser desautorizado.Aventurou-se a fazer a coisa certa. E deve ser instado a dar meia-volta.Curiosamente, Cleonilson agira com o assentimento de Nelson Jobim (PMDB).Militar disciplinado, ele não dera um passo sem ouvir o ministro da Defesa, seu chefe.Imaginou que, consultando-se com Jobim, vacinava-se contra o PMDB. Ingenuidade.O partido entregou-se à sua especialidade: pleitear, pedir, reivindicar... Se desatendido, ameaça votar contra o governo no Congresso. Pior.Leva à corda bamba as negociações em torno da candidatura presidencial de Dilma Rousseff.Tudo isso por conta de uma tentativa de moralizar a Infraero, cuja reputação deslizou em escândalos que mal saíram da pista. Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.

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