O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informou ao governo que pretende dar curso ao pedido de criação da CPI da Petrobras.A comunicação foi feita na noite passada, depois que se frustrou uma tentativa de acordo entre governo e oposição.Sarney avisou que, prevalecendo o dissenso, deve fazer a leitura do requerimento de CPI no plenário do Senado ainda nesta sexta (15).Alega que, como presidente da Casa, não lhe resta senão a alternativa de seguir o que manda o regimento interno.O pedido de investigação traz as assinaturas de 32 senadores, cinco além do mínimo exigido. Confirmando-se a leitura, o documento vai à publicação.A menos que seis senadores retirem seus nomes do requerimento antes que seja impresso no Diário do Congresso, a CPI será fato consumado.A comunicação de Sarney ao governo foi o arremate de um dia que começou sob o signo da concórdia e terminou em bate-boca.A quinta-feira (13) fora inaugurada num encontro a portas fechadas. Estavam presentes Sarney e os líderes dos principais partidos. Convidado para uma solenidade em que se festejou o centenário da Universidade Federal do Amazonas, o líder tucano Arthur Virgílio (AM) não pôde comparecer.Pediu a José Agripino Maia (RN), líder do DEM e parceiro de oposição, que o representasse. Na sala de Sarney, foi à mesa uma proposta conciliatória: antes de instalar a CPI, os senadores ouviriam explicações do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.A audição ocorreria em audiência pública, aberta à imprensa. Só depois, na hipótese de Gabrielli não soar convincente, a idéia de CPI seria retomada.Todos os presentes puseram-se de acordo, inclusive Agripino Maia, cuja bancada está dividida em relação à conveniência de arrastar a Petrobras para dentro de uma CPI.Terminada a reunião, Agripino e Aloizio Mercadante, líder do PT, foram a Arthur Virgílio. Em conversas separadas, informaram acerca do entendimento. Virgílio mostrou-se receptivo. Mas disse que precisava ouvir a sua bancada. A pedido do Planalto, Sérgio Gabrielli voara do Rio para Brasília.Mercadante providenciou para que ele se reunisse com o grãotucanato. Foram ouvir o presidente da Petrobras, o líder Virgílio e os senadores Sérgio Guerra e Tasso Jereissati –presidente e ex-presidente do PSDB.A certa altura, Gabrielli deixou a reunião para encontrar-se com Sarney. Os tucanos despediram-se de Mercadante e fecharam-se na sala de Tasso. Pelo telefone, ouviram os outros dez senadores da bancada tucana. Recolheu-se uma opinião unânime. Todos torceram o nariz para a idéia de protelar a CPI. Na sequência, Virgílio, Tasso e Guerra dirigiram-se ao plenário. Mão Santa (PMDB-PI) presidia a sessão. Virgílio foi ao microfone. Pediu que fosse lido o requerimento de criação da CPI. Mão Santa recusou-se a fazê-lo. Invocou o acordo de líderes.Virgílio e Tasso disseram que o PSDB não participara do acordo. Seguiu-se um bate-boca entre tucanos e petistas.Sentindo o cheiro de queimado, Mão Santa passou a presidência ao primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI). Virgílio renovou o pedido de leitura do requerimento.Deu-se, então, o inusitado. O oposicionista Heráclito ergueu barricadas contra os eternos parceiros tucanos. Bateu o pé. Presente à reunião da manhã, Heráclito disse que não desonraria um acordo do qual fora testemunha. O plenário ganhou ares de panela de pressão.Heráclito imitou Mão Santa. Passou o bastão da presidência à senadora petista Serys Slhessarenko (MT).Virgílio avisou que chamara o colega Marcoini Perillo (PSDB-GO), vice-presidente do Senado. Assumiria a presidência e leria o requerimento da CPI.Súbito, Serys deu por encerrada a sessão. Inconformado, Virgílio foi à mesa. Abancou-se na cadeira de presidente. Não tinha autoridade para fazê-lo. Não é membro da Mesa diretora do Senado. A despeito disso, deu a palavra a Tasso Jereissati. Por ordem de Heráclito, os microfones do plenário foram desligados. Virgílio convidou Tasso a utilizar o microfone do presidente. Também ficou mudo.No instante em que o rififi corria solto no plenário, os líderes que haviam participado da reunião matutina já estavam fora de Brasília.Mercadante voara para São Paulo. Agripino fora para o Rio. Seguiu-se uma intensa troca de telefonemas.Um interlocutor governista consultou Agripino sobre a hipótese de sua tropa retirar as assinaturas do pedido de CPI. E ele: “De jeito nenhum. Chance zero”.Mercadante tentou trazer Virgílio, Guerra e Tasso para o entendimento. E nada. Sugeriu, então, a realização de uma nova reunião de líderes, na terça (19).O tucanato não se opôs, mas deixou claro que não mudaria de opinião. Quando tudo parecia se encaminhar para o adiamento da encrenca, Sarney entrou em cena.Achou que a idéia de Mercadante faria sentido se houvesse a perspectiva de uma reviravolta tucana. Como não a vislumbrava, deu por malogrado o acordo.Guiando-se pelo regimento, informou daria curso ao pedido de CPI. Alertado, o ministro José Múcio, coordenador político de Lula, informou a novidade ao presidente.Mercadante lamentou: “Estamos tendo a antecipação do calendário eleitoral. Diria que uma CPI com a Petrobras no centro não é o melhor palanque...”“...É a maior estatal brasileira, a segunda empresa no setor mundial de Petroleo. Tem ações na Bolsa. Num instante em que todos os países agem para proteger suas empresas, deveríamos ter mais cautela”. Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.
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