terça-feira, julho 07, 2009

Clima ruim acelera seguro

Com medo de perder a safra, cresce a procura de produtores agrícolas por seguro rural. Somente no primeiro semestre deste ano, a busca por apólices teve um aumento de 177% em comparação a igual período de 2008, de acordo com dados do Ministério da Agricultura. O volume de recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural também aumentou, registrou 314% no período. Além das catástrofes que atingiram o país de dezembro de 2008 ao começo do ano seca no Sul e enchentes no Norte e Nordeste(1) , o acesso à subvenção do governo federal também teria motivado a procura. Mas a quantidade de áreas seguradas ainda é pequena. No caso da soja, um dos principais produtos da agricultura brasileira, somente 9,7% dos quase 50 mil hectares plantados estão protegidos. Já na cultura da maçã, que não é tão expressiva quanto a da soja, a cobertura chega a cerca de 50%. Isso porque o produtor sabe que o granizo é a praga dele. Eles estão exatamente em regiões mais frias, explica a Seguradora Brasileira Rural (SBR), uma das maiores empresas do ramo. Se der granizo em plantação de maçã, estraga tudo, afeta a pele da fruta e aí tem que mandar para a fábrica de suco, afirma o Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento. Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal, o seguro é importantíssimo. A maior parte dos contratos celebrados nos seis primeiros meses do ano foram para a safrinha de milho, o trigo, o tomate e a uva. Exceto o trigo, as outras três culturas são muito sensíveis às mudanças climáticas. Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás foram os estados que registraram maior procura por apólices. Segundo o Ministério da Agricultura, à lista de regiões onde os produtores estão preocupados pode-se acrescentar Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados, onde tradicionalmente os problemas climáticos são constantes na lavoura. O Sul do país, mais sujeito a instabilidades, tem tradição na contratação de seguro. O Centro-Oeste e as novasfronteiras, no Norte e Nordeste, começaram a aderir às apólices por causa do programa de subvenção, afirma. A demanda por seguros cresceu tanto que o Mapa pediu mais R$ 90 milhões ao Congresso Nacional para subvencionar as seguradoras. Para garantir o avanço da proteção às safras, o Ministério da Agricultura tem trabalhado em regime de urgência a fim de aprovar o Fundo de Catástrofes. Em caso de uma sinistralidade muito grande, ou de uma mudança climática devastadora para as colheitas, o governo pagaria parte dos prejuízos às seguradoras. Se uma empresa no Sudeste, por exemplo, tivesse todos os carros da região segurados, dificilmente todos iram dar sinistro no mesmo dia. Mas se tem um evento em uma região, todas as lavouras serão atingidas, explica o diretor de gestão de riscos do Mapa. As seguradoras e o ministério defendem, que com o fundo, os seguros poderiam se expandir e os agricultores, não renegociar suas dívidas. O fundo também seria uma garantia para que o mercado de seguradoras não quebrasse, em caso de um evento climático que atingisse uma grande região. Esse fundo é para manter a estabilidade do mercado. Uma grande catástrofe poderia acabar com o mercado de seguros. A seca no Sul do país, no fim do ano passado, deixou um prejuízo estimado pelo Ministério da Agricultura de R$ 230 milhões para as seguradoras e de cerca de R$ 300 milhões para o Banco Central. O volume de despesas do BC ainda não está fechado, mas de acordo com o órgão, foram quase 71 mil sinistros em empreendimentos rurais na região. Na mesma época, a produção agrícola no Norte e Nordeste estava submersa pelas enchentes que castigaram a área. Do fim do ano passado ao começo de 2009, mais de um milhão de pessoas foram afetadas de alguma maneira pelas chuvas em 12 estados brasileiros. Fontes: Mapa, Sincor RO/AC e Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.

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