O papel da Universidade, segundo Barbero
No segundo dia da Cátedra Latino-americana "Carlos Quijano de Comunicação, Democracia e Cidadania," na manhã de hoje (02), o pesquisador Jesús Martín-Barbero expôs o tema globalização com base no pensamento do geógrafo Milton Santos, que considera “uma mescla de perversidade e possibilidades”. Como perversidade máxima, Barbero indica o capital meramente especulativo, enquanto o fluxo migratório de pessoas em todo o mundo torna-se um exemplo claro de possibilidades. Outro ponto levantado pelo professor Barbero é que a periferia está virando o centro, diminuindo assim cada vez mais os limites entre os dois polos, situação que possibilita países como o Brasil, a China e a Índia se tornarem mais poderosos no contexto mundial. Em nova citação do pesquisador Milton Santos, ele reforça que “a globalização põe no centro o que era periférico”. Para Barbero, “a nova centralidade da periferia está exigindo uma política que retome a utopia capaz de intervir nos contextos culturais, ecológicos e econômicos”. Com base nisso, ele sugere que o Mercosul seja pensado também na questão política e não apenas de regulamentação econômica para então consolidar-se como um espaço múltiplo de trocas de experiências. “A fronteira é o lugar estratégico para se repensar o mundo”, disse ele, ao refletir sobre os aspectos da integração. “A fronteira não é só uma linha, mas sim um espaço no qual um país penetra o outro. Ali não existem muros, eles estão apenas na imaginação do imigrante”. Papel da Universidade: a Universidade tem que tomar os saberes produzidos fora da academia como verdadeiros, pois eles vêm da experiência social", disse Barbero ao falar da relação entre as universidades e a sociedade, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de projetos de extensão. Para isso, ele sugere que as universidades estejam preparadas para criar objetos, projetos e conhecimentos em sintonia com os anseios da sociedade.Questionado a respeito da possibilidade de uso de múltiplas linguagens no meio acadêmico, Barbero deu exemplos de outros países que usam metodologias parecidas ao incentivar a cultura gestual, sonora e outras que já não cabem na realidade da escola clássica. “A escrita sempre foi uma linguagem dominante no meio acadêmico. Estamos num processo de transição e percebo que a UNILA está caminhando nesse contexto”, disse. Programação: amanhã (03) será o último dia das atividades da Cátedra, que acontece das 9h às 12h30, na sede provisória da UNILA. O evento também é transmitido ao vivo pelo endereço http://www.unila.edu.br/?q=node/493.
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