Mesmo após as medidas moralizadoras divulgadas pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados, não será difícil encontrar um parlamentar de férias com a esposa ao fim do ano em um destino turístico internacional. Isso porque se um parlamentar realizar todas as viagens a que têm direito mensalmente – quatro passagens ida e volta de Brasília para seu estado de origem – acumulará pelo menos pontuação de milhas suficiente para visitar Miami, nos Estados Unidos, uma vez por ano com direito a acompanhante.Um parlamentar de qualquer estado brasileiro, que viaja regulamente no trajeto entre sua cidade e a capital federal, recebe duas mil milhas por ida e volta, caso seja fidelizado a um programa de pontos de uma companhia aérea como a TAM. A pontuação pode ser ainda maior dependendo do programa em que estiver enquadrado. Assim, ele teria oito mil pontos ao final de um mês, ou seja, 96 mil em um ano, o que permitiria dois bilhetes ida e volta para qualquer cidade dos Estados Unidos que seja rota da companhia aérea. Para ir aos EUA, na classe econômica, o parlamentar precisa acumular 40 mil pontos para voar, e na classe executiva, 60 mil.Caso o destino seja a América do Sul, geralmente as companhias aéreas exigem apenas 20 mil milhas acumuladas para ir até Bariloche, na Argentina, ou a Santiago, no Chile, por exemplo. Desta forma, por ano, cada parlamentar teria direito a quatro viagens gratuitas ida e volta para a América do Sul. Vale ressaltar que por vezes as empresas fazem promoções para que os usuários viagem a determinados destinos a um número de pontos acumulados menor. Ou seja, pedem 15 mil milhas acumuladas, por exemplo, para um destino que usualmente demandaria 20 mil. E quanto mais o parlamentar viajar, mais viagens terá direito a fazer de graça devido à milhagem acumulada com a cota dos bilhetes aéreos. A pontuação acumulada da TAM, por exemplo, tem validade de dois anos.A lista de decisões anunciadas no Congresso para minimizar o desgaste causado pelo uso do dinheiro público com passagens aéreas não inclui a questão das milhagens acumuladas, que ainda podem ser usadas como o parlamentar desejar, já que as milhas são registradas em nome do usuário. É uma brecha que permite a distribuição do benefício da milhagem a familiares e a terceiros, com dinheiro público, sem sequer deixar rastros na contabilidade financeira do Congresso. O mesmo mecanismo vale para o Executivo e o Judiciário que, apesar de não terem direito a cota de passagens mensal, solicitam-as quando precisam em função das atividades do cargo público.Segundo a TAM, dona de um dos maiores programas de milhagem do país, para trocar os pontos pelas passagens-prêmio, isto é, os voos gratuitos, é necessário acumular determinadas quantidades de milhas. A pontuação também pode ser resgatada para upgrade de cabine, promoção no qual o cliente compra uma passagem para viajar numa classe e promove-se à classe imediatamente superior utilizando seus pontos. Para fazer este resgate em passagens promocionais para alguns trechos do Brasil, segundo a companhia, é preciso acumular apenas 3 mil milhas.O terceiro-secretário da Câmara reconheceu que o mecanismo de milhagem revertida para o usuário não deverá ser afetado pelas novas regras. Segundo ele, a dificuldade para mudar os atuais métodos de pontuação está na resistência das próprias companhias aéreas. “Já houve estudos sobre a possibilidade de repassar esse bônus para os órgãos. Mas as empresas afirmaram que não concordam com as mudanças, visto que o programa é uma bonificação oferecida por elas para fidelizar clientes”, disse. Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.
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