terça-feira, agosto 09, 2011

Esquema no Turismo era feito por empresas de fachada, diz PF

O esquema de corrupção no Ministério do Turismo, desmantelado nesta terça-feira (9) por uma operação da Polícia Federal em três Estados, era realizado por meio de empresas de fachada. A informação foi divulgada pelo diretor-executivo da Polícia Federal, delegado Paulo de Tarso Teixeira, em entrevista coletiva realizada em Brasília.Na operação, batizada de “Voucher”, 33 pessoas ligadas direta ou indiretamente ao Ministério do Turismo foram presas desde o início da manhã --há, contudo, 38 mandados de prisão expedidos (19 de prisão preventiva e 19 de prisão temporária) e sete de busca e apreensão. Os mandados foram efetuados em São Paulo, Distrito Federal e Macapá. "No total, são 33 mandados [de prisão] já cumpridos, até o momento", confirmou o delegado após informações desencontradas dadas pela polícia durante o dia.Entre os detidos estão o secretário-executivo e número dois na hierarquia da pasta, Frederico Silva da Costa, além do ex-presidente da Embratur, Mário Moysés, o secretário nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, e diretores e funcionários do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) e empresários. Só do ministério, informa a PF, são seis presos. Costa, Moysés e Silva Filho, presos preventivamente, serão levados ainda hoje para a PF em Macapá (AP).“Para a Justiça expedir mandados de prisão preventiva, as provas têm que ser mais robustas; se não tivessem provas robustas, elas não seriam preventivas”, justificou o delegado sobre as prisões dos servidores da pasta.De acordo com a PF, há fraude no convênio de R$ 4,4 milhões firmado em 2009 entre o ministério e o Ibrasi, que deveria ter beneficiado 1.900 pessoas por meio de cursos de capacitação. As investigações corriam desde abril e devem prosseguir ainda por mais 15 a 30 dias. Na casa de um dos suspeitos, em São Paulo, também sede do Ibrasi, a polícia apreendeu R$ 610 mil em espécie.O objetivo da operação, que teve início às 5h, é prender pessoas suspeitas de desviar recursos públicos por meio de emendas parlamentares ao orçamento da União. Segundo a PF, foram detectados indícios de desvio de dinheiro público em um convênio pela qualificação de profissionais de turismo no Amapá. O Ibrasi é uma organização sem fins lucrativos e, conforme as investigações --em conjunto com o Tribunal de Contas da União e apoiadas pelo Ministério Público Federal --, não teria capacidade técnica para o trabalho.Costa opera como secretário-executivo da pasta desde 2008, promovido pelo petista Luiz Barreto. Seu superior imediato, o ministro do Turismo, Pedro Novais, foi indicado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) --que nega a indicação e a atribuiu à bancada do partido na Câmara.Com as prisões feitas hoje de nomes ligados ao Turismo, já são seis os ministérios do governo de Dilma Rousseff ligados a algum tipo de denúncia de corrupção, desde junho passado, quando o alvo foi a pasta dos Transportes. Ali, não apenas o então ministro Alfredo Nascimento foi substituído, como toda a diretoria do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).Casos de corrupção também foram investigados nos ministérios de Minas e Energia, Desenvolvimento Agrário, Cidades e Agricultura. Além dessas pastas, também foram afastados os ministros Nelson Jobim (Defesa), semana passada, após declarações públicas que contrariaram o Planalto, e o chefe da Casa-Civil, Antonio Palocci, cujo patrimônio cresceu vertiginosamente, em pouco tempo, segundo reportagens.

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