quarta-feira, outubro 01, 2008

Jornal sofre intimidação e tem exemplares confiscados

No último sábado (27), o jornal Imprensa Popular, de Porto Velho (RO), teve cerca de 60 exemplares confiscados enquanto era distribuído regularmente na cidade. Por volta das 21h30, oito homens cercaram João Paulo dos Santos, coordenador da equipe de distribuição, o ameaçaram e lhe tomaram os exemplares. Pouco antes, Santos afirmou ter recebido uma proposta em dinheiro para entregar todos os jornais que carregava. "O homem me perguntou um monte de coisa e depois perguntou se eu não queria ganhar alguma coisa em troca de todos os jornais que seriam distribuídos. Logo depois que recusei a oferta, uma pick-up S10 prata parou à minha frente, de onde desceram oito capangas", contou. Os agressores seriam correligionários do prefeito da cidade e candidato à reeleição Roberto Sobrinho (PT). Segundo o coordenador, os homens disseram que o jornal "vivia batendo" no prefeito e, por isso, não poderia circular. "Me disseram que se eu continuasse a distribuir os jornais, eles iriam me pegar".Outros distribuidores teriam testemunhado a tentativa de intimidação. A reportagem do Portal Imprensa entrevistou Gessi Taborda, diretor do Imprensa Popular, que explicou que esse tipo de intimidação acontece em todo processo eleitoral. "Não é a primeira vez que isso acontece; na verdade, é uma reação quase natural em Rondônia, a gente percebe claramente que a impunidade é quase natural aqui". Segundo o diretor, a publicação sofre por tem uma linha de oposição ao prefeito, e as intimidações contra jornais pequenos são recorrentes porque não chamam a atenção da grande mídia. "Vamos fazer um boletim de ocorrência, mas não acredito que vá virar um inquérito e prosperar, porque isso nunca aconteceu. Não tenho esperanças que isso dê em algo", declarou. Apesar das ameaças, Taborda afirmou que tem uma obrigação e não vai fugir dela "de jeito nenhum". "É aquela história, 'fora do poder não há salvação'. Como não me alio a poderosos, vamos continuar vigilantes, não vamos mudar nossa linha. Jornalismo que não faz oposição é, para mim, armazém de secos e molhados, como diria Millôr Fernandes". O Portal Imprensa procurou a assessoria do prefeito, que afirmou que "não existe nenhuma orientação" do político no sentido de cercear a liberdade de imprensa. "O prefeito é a favor da liberdade de imprensa, ele é totalmente democrático. Temos dois jornais de oposição na cidade e ele nunca fez retaliação nenhuma", informou sua assessoria. (ALM/Redação Portal Imprensa).

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