quarta-feira, outubro 15, 2008

Seguradora aposta nos corretores de seguros para crescer

O herdeiro e integrante da quinta geração da família à frente da centenária seguradora SulAmérica trabalha em um ambiente sem portas ou paredes. Num amplo escritório na zona sul da capital paulista, Patrick Larragoiti Lucas dirige os negócios do segundo maior grupo segurador do Brasil lado a lado a outros executivos com intuito de criar um nível maior de harmonia e participação em relação às estratégias de expansão da companhia, que registrou lucro líquido de R$ 206,8 milhões no primeiro semestre deste ano e R$ 3,7 bilhões em receita de prêmios de seguros. Em entrevista, o homem que tem a SulAmérica no sangue diz que, mesmo com as recentes turbulências nos mercados financeiros e projeções menos otimistas para a economia brasileira no ano que vem, não existem mistérios sobre o foco da empresa. "Nosso norte para os próximos anos é crescer com rentabilidade. Os fatos atuais não mudam nossas estratégias. O mercado segurador brasileiro continua firme." De acordo com o presidente da seguradora, uma das principais apostas é a tática de vendas cruzadas, ou seja, o exército de 27 mil corretores de seguros da empresa está orientado a trabalhar intensamente na tentativa de fechar novas apólices com as 6 milhões de pessoas já seguradas pela SulAmérica. Outros destaques são aquisições e acordos comerciais. Em junho, a seguradora desembolsou R$ 30 milhões para vender seguros de automóveis com exclusividade na rede do Banco Votorantim, um dos maiores financiadores de venda de veículos do País. A decisão deverá elevar a participação da seguradora no mercado de automóveis, cuja fatia hoje chega a 14,7%, com 1,9 milhão de seguros, ficando mais próxima da líder Porto Seguro, com 20,4%. Larragoiti, que liderou o fechamento da parceria com o grupo financeiro holandês ING em 1999 e a abertura de capital da SulAmérica, no ano passado, informa também que a SulAmérica não tem pretensões de atuar no novo mercado de resseguros do País que completará seis meses nesta semana. O executivo explica que a opção é pela atuação independente, o que permite à companhia escolher os melhores agentes para diluir os grandes riscos assumidos. Leia a seguir trechos da entrevista:- O lucro líquido da SulAmérica cresceu 8,3% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2007. Quais as ações para manter esse ritmo? Quando fizemos nossa abertura de capital [em outubro de 2007], um dos objetivos era justamente utilizar os recursos levantados em aquisições e acordos comerciais. No primeiro semestre deste ano, fechamos um acordo com o Banco Votorantim, depois de quatro meses de negociação. Investimos R$ 30 milhões para ter exclusividade nos financiamentos da BVF por cinco anos. - O segmento de veículos já foi coberto por essa parceria, há outros que interessam à seguradora? O mercado está bastante favorável, há várias oportunidades no mercado segurador. Operações importantes aconteceram nos últimos meses, como as vendas da Minas Brasil para a Zurich e da Indiana para a Liberty, além do acordo de parceira da Mongeral uma empresa holandesa chamada Aegon. Estamos olhando todos os segmentos. Em todas as nossas cinco unidades de negócios existem planos de desenvolvimento e de investimento adicional. Alguns desses planos passam por acordos comerciais, outros por aquisições, mas todas eles têm uma perspectiva de crescimento mais acelerado em relação ao desenvolvimento do próprio do mercado, que deverá crescer 10% segundo a Fenaseg [Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização- E a expansão via lançamentos de novos produtos? Desenvolvemos nossos produtos muito de acordo com a demanda do mercado. Vamos ter novidades, que não posso contar quais. Elas já saíram do forno, estão prontas mas vamos deixar para o ano que vem, porque já temos muitas coisas para trabalhar neste ano. Queremos estimular a venda do seguro residencial, um produto que está muito melhor do que estava em janeiro deste ano e estará muito melhor em janeiro do ano que vem. - Alguma novidade para a colocação desse produto? Focamos os 6 milhões de segurados da SulAmérica num cross-sell, mas não vamos abordá-los de uma só vez. Temos programas estatísticos internos que nos dizem quem tem mais probabilidade a adquirir um segundo produto. - A que se deve essa onda de aquisições e parceria entre seguradoras internacionais e nacionais? Com as novas regras de solvência aprovadas pela Susep [Superintendência de Seguros Privados] em dezembro do ano passado, tende a aumentar o processo de concentração do mercado, o que é natural. Uma empresa precisa de mais recursos para atuar, e conseqüentemente as empresas menores não conseguem acesso a esses recursos, isso acaba beneficiando as grandes seguradoras, capitalizadas, como é o caso da SulAmérica. De modo geral, faz parte de uma tendência internacional e o Brasil está bastante adiantado nesse ponto. - Esses movimentos estão relacionados com a abertura do mercado de resseguros? Como vocês estão se preparando? A SulAmérica nesse panorama tem uma vantagem competitiva muito grande, porque não estamos ligados a nenhum grande grupo ressegurador. Isso nos permite escolher os melhores resseguradores, que ofereçam as melhores condições em termos de gerenciamento de risco e condições de resseguros. Desde a abertura em abril, temos feito a renogociação do nossos contratos de grandes riscos. Escolhemos IRB-Re e a Swiss Re como os dois principais resseguradores dos nossos contratos, mas temos liberdade para escolher os melhores parceiros. - A parceria com o ING favorece a entrada da SulAmérica no mercado? A SulAmérica nunca vai atuar com resseguradora porque achamos que é importante manter a independência para poder escolher os melhores resseguradores para sua carteira. O ING tem uma atividade de resseguro muito pequena, só na área de vida.- As ações da seguradora têm acompanhado a queda do mercado financeiro, como tranqülizar o investidor? Ainda existe um movimento de volatilidade muito grande no sistema financeiro internacional, o que gera bastante incertezas sobre o desempenho de algumas empresas do mercado segurados lá fora. Mas no País e para a SulAmérica o impacto de tudo isso é nenhum. Nossa empresa tem um política de investimento extremamente conservadora, com menos de 2% de exposição ao mercado de renda variável. Nosso desempenho na bolsa não é diferente de outras companhias do mesmo porte. Os fatos que estão ocorrendo não mudam nossa estratégia de crescimento com rentabilidade, esse é o nosso norte para os próximos anos. Consulte o seu corretor de seguros (69) 3222-0742 Ronseg, corretora de seguros.

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