sábado, junho 16, 2012

Professor de Stanford defende distribuição irrestrita do conhecimento qualificado



 

O canadense John Willinsky diz, em palestra na UnB, que se o conhecimento é qualificado, "o mundo merece conhecê-lo" sem ter de pagar por isso. Foto: divulgação




O diretor do Public Knowledge Project (PKP) esteve nesta sexta-feira, 15 de junho, na Universidade de Brasília para dar uma palestra sobre as implicações do mercado editorial que lida com a publicação de artigos científicos. Ex-professor de escola primária, Willinsky coordena uma equipe que desenvolve ferramentas para tornar o conhecimento científico de fácil acesso ao público. O projeto dirigido por ele criou softwares para a criação de revistas eletrônicas, conferências online e editoração de livros. Segundo ele, as editoras que publicam pesquisas têm um faturamento elevado e não compartilham o conhecimento científico que deveria ser disponibilizado a todos.

“Espero que softwares, fontes educacionais e dados de pesquisas possam fazer parte de um mesmo processo e sejam públicos e gratuitos. É preciso que haja uma abertura do conhecimento e da ciência no mundo”, argumentou. Em sua primeira visita a Brasília, o professor canadense elogiou o papel de liderança no Brasil em relação ao acesso e aos softwares livres. “O Brasil está liderando este setor e o mundo está seguindo. Era eu quem deveria estar sentado escutando vocês”, brincou.

A presença do professor canadense fez parte do seminário “A Comunicação Científica, o Acesso Aberto e a Publicação de Periódicos Científicos Eletrônicos de Acesso Aberto”, que teve início na sexta-feira da semana passada, dia 8, com a participação do também canadense Leslie Chan, da Universidade de Toronto. O evento, que finalizou nesta sexta-feira, foi organizado pelos professores Fernando Leite e Seli Costa, líderes do grupo de pesquisa em Publicações Eletrônicas, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UnB.

MERCADO – O professor Fernando Leite, da Faculdade de Ciência da Informação (FCI), acredita que existe um questionamento da comunidade científica em relação à lógica tradicional do modelo de publicação. “Boa parte das pesquisas é financiada com o dinheiro público, mas existem obstáculos para o acesso, que muitas vezes é pago”, disse. “Hoje em dia podem acontecer situações inusitadas. Por exemplo, o seu orientador pode escrever um artigo e a editora que publica de forma online não permitir o acesso gratuito ao conteúdo”, complementou.

Willinsky citou a página PLoS One como exemplo de uma iniciativa bem sucedida de revista especializada. Nele, mais de 14 mil artigos científicos do mundo inteiro e de todas as áreas do conhecimento são gratuitos, disponibilizados online, revisados por especialistas e bem avaliados pela academia. “Acho que esse é o futuro das publicações científicas”, avaliou. A professora Seli Costa, concorda. “Essa é uma tendência mundial”. Além dos periódicos de acesso livre, as instituições de pesquisa podem ter repositórios virtuais para abrigar suas publicações.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), é um dos responsáveis pela difusão dos produtos desenvolvidos pelo projeto de Willinsky. Somente no Open Journal System, traduzido para o português como Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), mais de mil revistas eletrônicas foram criadas só no Brasil, segundo Bianca de Melo, coordenadora do Laboratório de Metodologias de Tratamento e Disseminação da Informação do Ibict. “A demanda por este tipo de ferramenta é tão grande que estamos realizando nesse momento nosso segundo seminário somente com os usuários do SEER”, garantiu Bianca.

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