Em pleno horário de expediente, Agaciel usufrui do ócio remunerado em sua mansão no Lago Sul, aqui em Brasília.Enquanto espera que José Sarney decida o que fazer com ele, Agaciel Maia vive um inferno dos sonhos. Ganha sem trabalhar.Nesta quarta (24), em pleno horário de expediente, o ex-Todo-Poderoso diretor-geral do Senado trocou o terno por um bermudão, uma camisa polo e chinelos de dedo.Flagrado pelas lentes do repórter Lula Marques, o ócio de Agaciel, além de bem remunerado (coisa de R$ 30 mil por mês), é consentido e até estimulado.Uma decisão tomada pelo primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI) desalojou Agaciel do gabinete que ele escolhera como abrigo no Senado.Em março, depois de perder o cargo de diretor-geral, que ocupara por 14 anos, Agaciel tornara-se um funcionário público atípico.Oficialmente, era um servidor como outro qualquer. Na prática, conservara a soberba adquirida no usufruto do poder longevo.No universo dos papéis, Agaciel estava lotado no ILB (Instituto Legislativo Brasileiro). No mundo real, ocupava uma sala que não lhe pertencia.Escritório confortável, situado no 9º andar do edifício principal do Senado. Um local onde deveria despachar o diretor de Estágios do Senado.O cargo foi criado por Agaciel. A última ocupante foi a mulher dele, Sânzia Maia. Perdeu o emprego depois que o STF baixou a súmula que pôs fim ao nepotismo.Na última terça (23), Heráclito nomeou um novo diretor de Estágios. Chama-se Petrus Elesbão. Sua primeira missão: levantar o “acampamento” de luxo de Agaciel.Livros e pertences do ex-diretor-geral foram acomodados no corredor. Sentindo o cheiro de queimado, Agaciel se absteve de comparecer ao Senado.Por volta de 15h, vistoriava obras que se realizam no quintal de sua mansão, símbolo do início de sua derrocada.Às 15h55, Agaciel acomodou-se numa rede, pendurada na varanda. Enquanto repousava, conversou com uma senhora, sentada ao lado dele. Ao redor de 16h35, recebeu a visita de um homem engravatado, que lhe entregou um envelope. Depois, entrou na mansão.Àquela altura, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) já haviam protocolado na Mesa do Senado dois requerimentos acerbos.Pedem a abertura de processo administrativo disciplinar contra Agaciel. Algo que deve ser sugerido também pela comissão de sindicância aberta contra o ex-diretor.Em privado, os senadores que integram a direção do Senado dão de barato que Agaciel terá de ser demitido. Na véspera, Virgílio sugerira o afastamento de Agaciel por 60 dias. Foi apoiado por Aloizio Mercadante (PT-SP). Heráclito e Sarney pediram calma.Desejam cumprir todos os trâmites legais: primeiro a sindicância, depois o processo administrativo e só então o olho da rua.Em entrevista, Heráclito aconselhou Agaciel a se manter longe do Senado. Prefere-se que ele permaneça no exílio da mansão.Não será um degredo de todo penoso. Em vez do gabinete do 9º andar, Agaciel terá à disposição os 960 m2 de uma residência de três andares, às margens do Lago Paranoá.A mesma casa cuja propriedade ele ocultara atrás do nome do irmão-deputado João Maia (PR-RN). Um deslize que lhe custou o cargo.Sempre que inquirido sobre sua rotina no Senado, Agaciel diz que vem se dedicando à preparação de um dicionário biográfico.Informa que terá 1.308 verbetes. Discorrerá sobre todos os políticos que já passaram pelo Senado. Diz que será uma obra alentada. Coisa de seis volumes.Pela previsão de Agaciel, o primeiro tomo ficaria pronto até o final deste mês de junho. A julgar pela tempestade que se arma sobre sua cabeça, Agaciel talvez não tenha tempo de chegar ao último verbete.Além da sindicância já aberta e do processo administrativo que está por vir, o ex-chefão do Senado tem no seu encalço a PF e o Ministério Público.Depois do escândalo dos atos secretos, o inconveniente da companhia de Agaciel tornou-se maior do que a disposição de seus padrinhos de lhe salvar a pele.José Sarney e Renan Calheiros, respectivamente pseudopresidente e presidente informal do Senado, já não parecem empenhados em evitar o inevitável. Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.
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