sábado, junho 20, 2009

Senador 'combate' crise com impotência

A crise do Senado é inqualificável. Muito fácil, portanto, de qualificar. É um conchavo da falta de pudor com a carência de escrúpulos, do qual a ética preferiu se abster. Nesta sexta (19), José ‘a crise não é minha’ Sarney escreveu outra página inacreditável de um enredo impensável. Veio à boca do palco para desdizer o que afirmara há quatro dias. Na terça (16), dissera, da tribuna: “Aqui, ninguém sabe o que é ato secreto”.Desautorizado pelo funcionário que cuida da publicação dos atos, Franklin Albuquerque Paes Landim, Sarney desistiu de negar o inegável.Chamou aos repórteres para anunciar a abertura de uma sindicância. Depois, virá um inquérito administrativo. Tudo sob rigor inaudito. A presidência de Sarney envelhece precocemente. Começou faz quatro meses e meio. Mas carrega os vícios de uma década e meia.Sarney trava um pseudocombate contra um monstro que ajudou a criar. Comparece à briga com a cara da impotência.Tornou-se uma espécie de nada com carro oficial. Virou a irresolução com status de presidente.Falta-lhe a disposição de um zagueiro à moda antiga. Do tipo que mira o calcanhar do centro-avante já nas primeiras entradas.Só pra deixar claro quem manda nos arredores da grande da área. Sarney, por comprometido, pegou leve. E toma gols desde fevereiro.Não chutou Agaciel Maia da direção-geral. Sobreveio a mansão oculta de R$ 5 milhões. Afastou-o, mas sob elogios.Sobrevieram as brigas internas, os privilégios inexplicáveis, a “mãe preta” de João Zoghbi e um interminável etc.Súbito, saltou do monturo a mutreta dos atos secretos. Sarney ligou o piloto automático. Negou. Apareceu um neto. Disse que não sabia.Surgiu uma sobrinha. E outra. Um irmão. De permeio, a filha de um amigo. Sem contar a apadrinhada do Renan.Tornara-se difícil apagar a certeza de que Sarney agiria para honrar as concessões exdrúxulas que fizera à falta de senso.No discurso de terça, subvertera a semântica para dizer que a crise não é sua, mas do Senado. Coisa do passado. Nada a ver com ele.Rendido à ilógica, Sarney corre atrás dos fatos. Sobre os parentes, desconversa. Sobre modificações na direção-geral, passa a bola adiante.É certo que, cedo ou tarde, senadores serão intimados pelos fatos a prestar contas pelos malfeitos. Sarney ocupa o primeiro lugar da fila.Conselho de Ética? Não, não. Absolutamente. Para Sarney, o foro adequado é o STF.Mede-se o tamanho do político pelo tipo de pergunta que é obrigado a responder. Sarney tornou-se um presidente-anão.Sua gestão deslizou para o vácuo moral. De agora em diante, tudo será epílogo para Sarney.Fraco e acuado, o tri-presidente do Senado, verá suas boas intenções perderem-se no mesmo abismo que sorveu as biografias de ACM, Jader Barbalho e Renan Calheiros. Ronseg, corretora de seguros (69) 3222-0742.

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