quinta-feira, julho 26, 2012

Os saberes tradicionais da SBPC




Um dos espaços onde o tema dessa edição da SBPC – Ciências e Saberes Tradicionais para enfrentar a pobreza – está mais bem representado é o pátio do Centro de Ciências Humanas da UFMA. Lá barraquinhas montadas para venda de artesanatos revelam mais do que se pode esperar de uma feira com essa temática. Por trás delas estão histórias de como a sabedoria popular junto com o conhecimento foram decisivos na construção de uma vida mais digna.


O grupo de Mulheres Negras Maria Firmina é um exemplo. Nascidas de um movimento popular de luta pela moradia no município maranhense de Paço do Lumiar, elas encontraram uma saída criativa para gerar renda: a fabricação de brinquedos educativos. “Depois da conquista da casa percebemos que isso não bastava”, conta Maria Luiza Mendes, uma das coordenadoras do projeto. “Tentamos várias experiências, incluindo as mais comuns como a produção de bijuterias”.



No fim das contas, o grupo aproveitou a experiência de algumas mulheres em trabalhos com madeira para investir no ramo da brincadeira. “Fomos atrás de cursos de artesanato oferecidos pela Fundação Nacional da Criança e pesquisamos por conta própria qual era o tipo de brinquedo mais adequado para cada faixa etária”, diz Maria Luiza. Os brinquedos relembram as brincadeiras tradicionais: amarelinha, telefone sem fio e jogos de tabuleiro. “As crianças gostam muito porque é uma coisa diferente e difícil de encontrar hoje em dia”, diz a representante do grupo, que atualmente faz brinquedo por encomenda e até dá cursos profissionalizantes.


Em outra barraca, a Cooperativa para Dignidade do Maranhão exibe caixas, potes e cadernos feitos com material reciclado. A missão do grupo é nobre: dar uma alternativa de vida a pessoas que foram resgatadas do trabalho escravo. “Oferecemos cursos profissionalizantes e também incentivamos que elas retomem os estudos”, diz Viviane Veloso, assessora de vendas da cooperativa. O projeto atua principalmente no município de Açailândia, região onde ainda é encontrado muitos casos de trabalho escravo, especialmente em carvoarias.

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