segunda-feira, julho 23, 2012

Tambores e palavras de ordem marcaram abertura da SBPC







O ritmo marcado dos tambores maranhenses de Alcântara e as veementes palavras de ordem do comando de greve nacional das universidades deram o tom da abertura da 64ª Reunião da SBPC, que reuniu especialistas, gestores e pesquisadores de todo o Brasil no maior congresso científico do país. Com habilidade política e demonstrando solidariedade ao movimento grevista, a presidente da SBPC, Helena Nader, abriu o microfone para o representante maranhense do comando, lembrando que “o esforço pelo fortalecimento da política nacional de educação é conjunto, já que todos integram a luta continuada por uma universidade melhor”. Para o sindicalista local, “não é nossa intenção atrapalhar o encontro, apenas chamar atenção para a importância estratégica de uma paralisação que alcança a quase totalidade das instituições federais de ensino superior”.Antes da intervenção de Nader, dezenas de manifestantes ligados às entidades representativas dos segmentos dos professores, técnicos e alunos, portando bandeiras, faixas e cartazes, gritavam em coro: “A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria”. Mais de três mil pessoas acompanharam a solenidade. O vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2011, Daniel Shechtman, também prestigiou a abertura do evento.



Em contraste ao calor político inicial, o grupo de tambor de Alcântara do Maranhão, Cortejo do Divino Espírito Santo, exibiu sua arte centenária de toque de caixa, seguido do recital com o violonista clássico João Pedro Borges e o tenor Vitor Vieira, que apresentaram poemas musicados do maranhense José Chagas. Segundo o reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho, “a realização da SBPC em São Luís é um grande presente para um estado que é berço de importantes cientistas e intelectuais nas mais diversas áreas de conhecimento”, a exemplo do homenageado Renato Ascher. “O Maranhão tem um dos piores índices de desigualdade social do país. Essa triste realidade precisa ser revertida, e a ciência e a pesquisa são os melhores instrumentos”. Em sua fala, o reitor aproveitou para reverenciar o grande pensador brasileiro, idealizador inclusive da Universidade de Brasília, o educador Anísio Teixeira  - “para ele, a morte do homem começa no instante em que desiste de aprender”.Em um congresso que tem como eixo a ciência a serviço do combate à pobreza, na mesa de abertura do Coordenador Nacional das Comunidades Quilombolas, Ivo Fonseca da Silva disse que “é importante que a comunidade científica saiba quem são os povos pobres do Brasil e do mundo”.



Relembrando os debates da Rio + 20, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, destacou que o progresso do país só pode ser alcançado quando os fatores econômico, social e ambiental são conjugados, “e a ciência, tecnologia e inovação são matrizes fundamentais para esse desenvolvimento sustentado”. Segundo sua avaliação, o Brasil, nos últimos anos, está avançando, já que “boa parte de nossa matriz energética é renovável, a economia atingiu estabilidade, mais de 40 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e a educação básica foi universalizada”. Para ele, mais atenção política aos potenciais de biodiversidade e de energia limpa constitui o caminho para uma economia verde inclusiva. “Portanto, nossa palavra de ordem é crescer, incluir e preservar”, complementa, aproveitando para defender que cabe à CT&I o compromisso não só com o futuro da ciência, mas com o êxito do futuro do país”. A questão de um novo marco legal que acompanhe a realidade da produção científica do país também foi defendida por Raupp.Finalizando a solenidade, a presidente da SPBC, Helena Nader agradeceu a hospitalidade do povo maranhense e ressaltou a beleza e riqueza do patrimônio cultural e arquitetônico de São Luís. “É com muita alegria e orgulho que abrimos mais uma edição da SBPC, que acontece graças ao apoio das agências de fomento à pesquisa, dos governos municipal, estadual e federal, bem como ao grande e rico corpo de professores, pesquisadores e cientistas de todo país”, disse.

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