domingo, julho 15, 2012

Pesquisadores da Unir/Gepcultura aprovam projetos no CNPq


Espaço e
Representações dos Festejos Religiosos em comunidades ribeirinhas amazônicas,
um estudo para a sustentabilidade da vida




Prof. Dr.
Josué da Costa Silva


A pesquisa
busca refletir sobre as populações tradicionais ribeirinhas e sua relação com
as novas dinâmicas de organização do espaço religioso do qual se desenrolam as
ações sociais, conflitos de ordem territorial, alterações nas paisagens e
reconfigurações dos espaços vividos. As questões territoriais relacionadas à
religiosidade são importantes caminhos de estudo assumidos pelos grupos, e que
serão levados adiante numa perspectiva integradora. Consistem também em
reflexões sobre “perda e construção de vínculos com o território, identidade e
cotidiano”. Com esse enfoque a pesquisa busca entender a dinâmica de conflitos
territoriais que envolvem o uso e a representação do espaço; as situações
confusas no campo das novas representações que envolvem espaços afetados por
diversos planos de atuação e dinamicidades religiosas no contexto ribeirinho das
festividades  religiosas amazônica.


O caráter
comum dos processos contemporâneos é o deslocamento da significação cultural em
relação às práticas cotidianas e a reprodução da vida. Ritos e práticas
tradicionais em grande proporção se mantêm como memória, mas também são
utilizados em sentido transfigurado, atuando muitas vezes como
tradicionalismos. São recorrentes as mudanças nos espaços agrários tradicionais
substituídos por grandes lavouras empresariais, barragens e pastagens em solos
de várzea.


Em diversas
destas situações os limites da própria existência das populações tradicionais
são gradativamente questionados. As condições da manifestação da cultura
tradicional, bem como suas representações territoriais adquirem novas e
problemáticas e formas. Consequentemente, o nosso desafio consiste em analisar
estas condições pelas quais a cultura se manifesta, bem como estabelecer uma
posição teórica e um caminho metodológico que permita construir uma visão
coerente em conjunto sobre esta temática. Trata-se basicamente das
geograficidades das práticas sociais, das manifestações culturais, das
tradições, das identidades, dos saberes e das memórias que as populações
elaboram, preservam, re-significam e que aceleradamente estão sendo
re-elaboradas motivadas pelo fator religioso seja pelo avanço das igrejas
pentecostais que altera a base da sociabilidade local, seja pelo avanço do
interesse do capital nessas regiões a exemplo da construção de barragens e da
ocupação da várzea pela pecuária trazida principalmente pelos gaúchos. Neste
cenário, os festejos religiosos caracteristicamente amazônicos são
re-significados a partir de novos elementos que são incorporados ao cotidiano
ribeirinho.  


Objetivo
Geral:


·        Analisar os festejos religiosos populares no que tange a estruturação do espaço
de representação no cotidiano das comunidades ribeirinhas e sua importância na
formação da cultura das populações tradicionais amazônicas.




Objetivos
Específicos:


·  Investigar
as representações culturais religiosas das comunidades ribeirinhas como o
festejo de Nossa Senhora da Saúde, em Prosperidade, às margens do Rio Madeira
(RO), a festa do Sairé em Alter-do-Chão, na foz do rio Tapajós com o Amazonas (PA),
e a festa de Santo Antonio de Borba, na cidade de Borba, às margens do Rio
Madeira (AM);


  • Identificar o processo de
    formação das comunidades ribeirinhas a partir de sua história recente e
    referencia espacial e formulação de seus festejos;
  • Compreender através destas
    representações como se configuram a organização do espaço social de
    comunidades ribeirinhas;
  • Analisar os conflitos religiosos
    locais e as interferências nos festejos e formas de sociabilidade;
  • Identificar as formas de
    “contratos” estabelecidos entre o indivíduo e  a divindade;
  • Analisar como os festejos
    religiosos participam da construção da identidade amazônica.





  Prof. Adnilson


Estudo das Representações Amazônicas: “Marcadores” Territoriais, Culturais e Socioambientais dos Paiter Suruí


Prof. Dr. Adnilson de Almeida Silva


Este Projeto de Pesquisa Científica
surge como necessidade de aprofundamento dos estudos realizados com a
dissertação de Mestrado em Geografia/UNIR, defendida em 2007, com o título
“Impactos socioculturais em populações indígenas de Rondônia: Estudo da Nação
Jupaú”; e com a tese de Doutorado em Geografia/UFPR, defendida em 2010,
denominada “Territorialidades e identidade do coletivo Kawahib da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia: “Orevaki Are” (reencontro) dos
“marcadores territoriais”. Os temas abordados nesses estudos mostraram-se
essenciais à compreensão da Etnogeografia, ao tempo em que também possibilita
discutir cientificamente populações cuja afeição com o meio ocorre de forma
relacional direta e holística, nas quais as representações sociais, culturais,
socioambientais e territoriais se inserem como elementos de discussão teórica
na Geografia.


Temos a necessidade de adquirir e
conhecimento com outras etnias de Rondônia, na perspectiva de entendermos as
distintas territorialidades, apresentando-se para tanto o “Estudo das Representações Amazônicas: “Marcadores” territoriais,
culturais e socioambientais Paiter Suruí”
, cujas apreensões de seu
microcosmo possuem características de assimilações territoriais distintas
daquelas observadas entre os Kawahib de
Rondônia.


A pesquisa científica com o Coletivo
Paiter Suruí objetiva contribuir no entendimento de sua territorialidade,
cultura e modo de vida, através da realização de trabalho participativo
enfocando os aspectos etnoambientais e etnozoneamentos, cujos resultados
servirão como indicativo para a concepção de políticas públicas.


A proposição do projeto buscará
compreender o conjunto do Coletivo Paiter Suruí, porque parte do pressuposto de
que as culturas são distintas, devido aos valores que constroem e da percepção
do espaço, considerando que “mesmo quando ocupam zonas ecológicas semelhantes,
elas mantêm sua individualidade, tanto no plano das relações sociais como no
campo simbólico” (RAMOS, 1986, p.11).


Nessa premissa sobre os indígenas é
salutar o pensamento de Daniel Munduruku que “nunca somos um só, somos sempre
uma pequena multidão que vive dentro da gente buscando formas de compreender
nossa passagem por este mundo. Esta multidão age em diferentes direções e nos
dão diferentes razões para viver”.


A Terra Indígena Paiterey Karah,
autodenominada pelos Paiter Suruí é reconhecida pela sociedade envolvente e
pelo estado brasileiro como Terra Indígena Sete de Setembro, e localiza-se nos
estados de Rondônia (município de Cacoal e Espigão d’Oeste) e estende-se até o
município de Aripuanã em Mato Grosso.


Nosso projeto de pesquisa, a
princípio, será desenvolvido nas aldeias Lapetanha, Nambekolabadakiba e
Iratana, podendo por razões de logística ser estendida a outras. O objetivo
principal é desenvolver pesquisa sobre o modo de vida do Coletivo Paiter Suruí,
considerando os “marcadores” territoriais, culturais e socioambientais e as
possíveis mudanças e permanências na forma de compreender, manifestar,
representar e presentificar seu microcosmo.

Fonte: Gepcultura

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